Responda essas perguntas e descubra onde seu negócio falhou antes de recomeçar

Especialistas elaboram questões para que empreendedor faça autoavaliação pós-fracasso

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Valdir Ribeiro Jr.
São Paulo

Na cultura brasileira, a falência de um negócio é vista muitas vezes como um marco negativo e sem volta, mas não deveria ser assim, de acordo com Flávio Silva, consultor do Sebrae-SP.

“A falha de um projeto tinha que ser entendida como um momento de recomeço, em que o empreendedor pode parar para fazer uma análise fria e objetiva sobre os motivos do seu insucesso”, diz.

Para Pedro Chiamulera, fundador da Clearsale e mentor da Endeavor, todo fracasso é uma oportunidade de crescimento. “Culpamos a nós mesmos e a economia, mas também temos que olhar para nossa jornada, ver o que aprendemos com ela e o que poderíamos ter feito diferente”, afirma.

Leia a seguir sete perguntas elaboradas pelos dois especialistas para ajudar o empreendedor a fazer uma autoavaliação sobre o que o levou ao erro e qual caminho deve seguir depois dele.

Fiz tudo o que era possível? 
A primeira análise que o profissional precisa fazer é se ele realmente tinha postura para ser um empreendedor. Mais do que uma boa ideia de negócio e capital para investimento, ter proatividade é fundamental, afirmam os especialistas.
O empresário deve sempre procurar todos os recursos disponíveis para garantir bons resultados. Isso significa buscar tanto ferramentas tecnológicas de controle financeiro e logística quanto cursos profissionalizantes que ensinem técnicas de venda e de gestão. É preciso estar sempre atualizado.

Olhei para o mercado? 
Não ter planejamento nem acompanhar as informações do mercado são práticas comuns de empreendedores que fracassaram, de acordo com os especialistas.
“Ninguém pode começar uma empresa sem definir uma estratégia de ação. O recomendado é ter um plano de pelo menos um ano. Isso ajuda a avaliar se o negócio é realmente uma boa oportunidade ou apenas uma ideia passageira”, diz Silva, do Sebrae.
Para ser bem-sucedido, é importante também estar sempre atento a pesquisas e notícias sobre o segmento em que se atua. Esses dados podem ser bastante úteis para definir pontos estratégicos, caso de ajustes nos preços, ações promocionais e novos investimentos.

Eu tinha objetivos? 
Definir metas com base em indicadores é essencial para o êxito de qualquer empresa. Sem essa prática, o empresário não tem referências para manter a saúde financeira da companhia e dificilmente vai conseguir identificar os problemas.
Ele deve trabalhar com ao menos três indicadores: quanto ganha, quanto gasta e quanto recebe por produto. 
Ter ao menos uma projeção de faturamento para o ano e um prazo para o retorno do investimento feito no negócio também já é um bom começo. 
Mesmo que essas metas não sejam atingidas, são referências que o ajudam a orientar a operação.

Atendia bem os clientes?
Mais do que um produto de qualidade, hoje os consumidores querem uma boa experiência de compra, seja no atendimento físico ou online. 
Os especialistas afirmam que o boca a boca ainda é uma das melhores maneiras de garantir a divulgação e, assim, ter bons resultados. 
Com as redes sociais, esse aspecto tem se tornado ainda mais importante.

A gestão financeira foi feita corretamente? 
Não é necessário ser um especialista em finanças para começar um negócio, mas existem números que devem receber constante atenção para que a empresa vá para frente.
O fluxo de caixa é um deles. Acompanhar o dinheiro que entra e sai, sem misturar as finanças da companhia com as pessoais, é fundamental. 
O ideal seria ter duas contas diferentes no banco, uma para a pessoa física e outra para a jurídica. Se não for possível, o recomendado é criar pelo menos uma planilha detalhada para separar as duas.

Eu tinha experiência suficiente no ramo?
Segundo o consultor Flávio Silva, a falta de experiência na área está entre os principais motivos que levam um negócio ao fracasso. 
Isso não significa que o empreendedor precisa ser um expert no setor em que pretende atuar, mas ter algum contato prévio com ele é sempre muito útil. É um risco grande se aventurar em um setor totalmente desconhecido.

Eu me comuniquei com outras pessoas? 
O empreendedor está rodeado de gente que pode ajudar com importantes sugestões sobre seu negócio —amigos, familiares, funcionários. Além de estar aberto a opiniões diferentes, é importante garantir o engajamento da equipe. 
“Ter um time ativo faz toda a diferença, é preciso ser transparente sempre para ter bons resultados. Não se deve esconder os problemas dos funcionários”, afirma Silva.
O empresário deve compartilhar tudo o que acontece na empresa e garantir espaço para sua equipe se manifestar sem receios. Isso fortalece o comprometimento de todos com o negócio, recomenda ele.

O que devo fazer agora?
Quatro em cada dez empresários que fracassaram têm vontade de reativar seu negócio ou empreender em outro ramo, de acordo com o consultor do Sebrae. Mas Silva alerta que definir um prazo para voltar à ativa é uma questão complicada. 
“Seria arriscado falar um tempo exato que o empreendedor deve esperar para tentar novamente. Cada um tem seu momento, é quase um luto. Esse período deve ser usado para reflexão, para planejar os próximos passos.”
Já Pedro Chiamulera, mentor da Endeavor, chama a atenção para que o empreendedor não confunda persistência com teimosia. 
“Retomar um projeto ou começar outro negócio pode ser um ótimo caminho, desde que não se insista em nenhuma ilusão. O importante é não ficar preso ao passado, não recomeçar de modo afobado”, afirma.

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