Musculação elétrica conquista público com sessão de até 25 minutos

Modalidade de treino com eletrodos se espalha pelo país e ganha franquias

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São Paulo

Populares na Europa há uma década, academias que oferecem treinos combinados à estimulação elétrica dos músculos vêm crescendo no Brasil nos últimos anos.

O professor da E-Fit, academia de eletroestimulação, Tássio Rodriguez, 28
O professor da E-Fit, academia de eletroestimulação, Tássio Rodriguez, 28, com roupas e eletrodos usados nos exercícios - Lucas Seixas/Folhapress

O método promete potencializar o exercício praticado pelo aluno a partir de impulsos elétricos de baixa frequência emitidos por uma roupa especial e eletrodos espalhados pelo corpo —o que permite reduzir o tempo de aula.

As séries, de até 25 minutos, são feitas em geral entre uma e duas vezes por semana, com ou sem o uso de pesos, dependendo da academia.

Em 2017, a TecFit abriu o primeiro espaço em São Paulo. Hoje, já são 36 unidades pelo país —em oito estados e no Distrito Federal. Dez delas são próprias e 26 licenciadas. A empresa usa tecnologia alemã XBody, que já apareceu nas redes sociais de celebridades, caso da cantora Anitta.

Com treinos de 20 minutos e sem pesos, a TecFit aposta em um público entre 35 e 60 anos, sedentário, que quer resultados rápidos, segundo Felipe Barth de Castro, 40, diretor-executivo da marca.

Felipe Castro, proprietário da Tecfit, academia de eletroestimulação com 36 unidades no país
Felipe Barth de Castro, 40, diretor-executivo daTecfit, academia de eletroestimulação com 36 unidades no país - Rafael Hupsel/ Folhapress

A academia também acaba de desenvolver um protocolo especial voltado a clientes com mais de 70 anos, para atender uma parcela da população que está envelhecendo e busca atividade física.
Cada unidade tem de 150 a 250 clientes ativos, com tíquete médio mensal em torno de R$ 600.

O investimento para abrir a academia no sistema de licenciamento custa cerca de R$ 700 mil, com previsão de retorno em dois anos.

“Não vejo a eletroestimulação como uma moda que vai passar. Vamos completar três anos e estamos crescendo a todo vapor”, afirma Castro.

Os empresários Alexandre Rojas, 43, e Fernanda Arraez, 38, conheceram o método em Portugal, a partir da rede húngara E-Fit, com dez unidades naquele país. Há um ano, a dupla trouxe a marca para o Brasil.

Hoje, a empresa tem duas unidades na Grande São Paulo e está em processo para se tornar uma franqueadora.

“A eletroestimulação já teve seu ápice na Europa. Aqui, estamos no começo de um mercado que deve ter um impulso nos próximos anos”, diz Rojas.

As aulas, com no máximo dois alunos, levam 25 minutos. O plano semestral custa, em média, R$ 600 por mês.

Instalada em um imóvel de 150 metros quadrados, a unidade da E-Fit na zona leste de São Paulo chegou ao break even (equilíbrio entre despesas e receitas) depois de três meses de funcionamento, com a matrícula de 60 alunos.

“O preço médio da nossa sessão está entre a academia regular e o valor somado de personal trainer mais academia. Planejamos atender por volta de 180 alunos”, diz Rojas.

Os estúdios de eletroestimulação, em geral, ocupam um espaço menor, mas têm um tíquete médio maior do que as academias convencionais, que conseguem reduzir custos com um volume maior de alunos, diz André Maluf, professor dos cursos de publicidade, administração e comércio exterior da Fecap.

“O que vemos crescer dentro desse universo fitness é a segmentação. Nela, o negócio se posiciona como especialista em uma proposta, como no caso do crossfit”, diz Ivan Martinho, professor de marketing esportivo da ESPM.

Com o modelo de “microgim”, as academias segmentadas usam a personalização do treino para se diferenciar, diz o presidente da ABF (Associação Brasileira de Franchising), André Friedheim.

Na E-Fit, por exemplo, a avaliação do aluno leva em consideração o estado emocional, a composição corporal e o nível de condicionamento, além de hábitos de alimentação, sono e histórico de doenças familiares. Os vestiários são equipados com xampu, toalha de 400 fios e chapinha.

Mas a rapidez com que se dará a expansão do segmento de eletroestimulação também vai depender de fatores econômicos, como a desvalorização do real —já que os equipamentos são importados da Europa—, diz Fernando Oliveira, fundador da marca carioca Bodypulse.

Na academia, o treino tem duração de 20 minutos e acontece uma vez por semana, no máximo com quatro pessoas ao mesmo tempo.

Os sócios da E-Fit no Brasil: Eduardo Silva (à esquerda), Fernanda Arraez e Alexandre Rojas
Os sócios da E-Fit no Brasil: Eduardo Silva (à esquerda), Fernanda Arraez e Alexandre Rojas - Lucas Seixas/Folhapress

“A questão do tempo é um dos grandes motivadores. Temos muitos clientes que se inscreveram em outras academias e pararam de ir meses depois, normalmente por falta de tempo”, diz Oliveira.

Ele afirma que abriu a primeira unidade, na Barra, no início de 2017, em meio à crise de segurança pública no Rio. A segunda unidade, no Leblon, veio dois anos depois, onde o ponto de equilíbrio foi atingido em cinco meses.

Com margem de lucro de 20% e com tíquete médio de R$ 430, o empresário está fazendo a formatação de um sistema de franquia. “Acredito que o mercado de eletroestimulação no Brasil alcançou 10% seu potencial. Na Alemanha, existem redes com até 300 unidades”, diz.

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