Vídeo é saída para profissionais manterem atividades na pandemia

Aparelho com boa definição de imagem e som é ponto de partida para trabalhar na quarentena

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São Paulo

Com o isolamento social, videochamadas e aulas gravadas pelo celular se tornaram ferramenta de muitos empresários para manter seus negócios vivos.

A bióloga e paisagista Bárbara Mellado, dona da Jardins Bárbaros, no condomínio em que mora na zona norte de São Paulo
A bióloga e paisagista Bárbara Mellado, dona da Jardins Bárbaros, no condomínio em que mora na zona norte de São Paulo - Keiny Andrade/Folhapress

A paisagista Bárbara Mellado, 30, dona da Jardins Bárbaros, que atua em São Paulo, agora usa videochamadas para ensinar seus clientes a cuidar de suas plantas.

Sem precisar se deslocar, ela teve uma redução de custos de alimentação e transporte que foi repassada à clientela. O valor do atendimento ficou, em média, 30% mais baixo.

"Mas estou negociando caso a caso, porque muita gente teve corte no orçamento. Todo o mundo está passando por um momento difícil", diz Bárbara, que também é bióloga.

O repasse de redução ao consumidor, quando possível, é uma atitude que demonstra transparência e que é valorizada durante uma crise econômica, diz César Rissete, gerente de competitividade do Sebrae. Ele lembra que vale diminuir a margem de lucro, mas o valor final deve sempre cobrir os custos do serviço ou produto oferecido.

Além da manutenção de plantas, desde o início da pandemia Bárbara já planejou a criação de três jardins. Em conversa por vídeo, a paisagista ajuda os clientes a escolher as espécies mais adequadas a cada espaço, indica fornecedores e dá coordenadas de como fazer o plantio.

Quem precisa trabalhar com vídeos pode começar com um telefone que proporcione uma boa definição de imagem e de som, diz Patricia Rodrigues, especialista em educação a distância, marketing e produção de vídeo.

Mas, dependendo do tipo de serviço prestado, também é importante dar atenção ao planejamento, ao roteiro e à linguagem usada para se expressar nos vídeos.

É importante investir tempo em pesquisar e aprender, diz ela. Se for preciso, é possível até fazer versões caseiras de equipamentos profissionais.

"Seja um atendimento ou uma live, lembre-se de quatro pilares: áudio, vídeo, luz e enquadramento de câmera. Isso é a chave para que sua mensagem seja bem transmitida", diz Luiza Tavares, gerente de projetos do YouTube Space Rio.

Além de trabalhar por videochamadas na pandemia, o personal trainer Kennylson Martins, 26, que atua em São Paulo, pretende lançar até o fim de maio um serviço de treino físico por aplicativo baseado em aulas gravadas e contratado por mês.

A ideia já existia, mas foi resgatada agora, com a intenção de atender pessoas que estão em casa. Durante este período, o valor cobrado pelo profissional é, em média, R$ 50 por aula ao vivo (no pacote de 12 sessões por mês).

O serviço deve custar R$ 99 ao mês no aplicativo MFIT, que permite ao professor fazer avaliação física, monitorar a frequência do aluno e encaminhar a ele uma lista de exercícios, direcionando-o para vídeos que servem como base para a execução.

A plataforma cobra uma taxa mensal do professor que varia de acordo com o número de alunos --custa R$ 31,90, para 25 inscritos.

Para produzir os vídeos, Kennylson investiu R$ 3.500 num celular com boa definição de imagem e captação de áudio. As aulas foram filmadas ao ar livre, para aproveitar a luz natural, com ajuda de um amigo do personal trainer.

O personal trainer Kennylson Martins, 26, que atua em São Paulo,
O personal trainer Kennylson Martins, 26, que atua em São Paulo, - Divulgação


"Tivemos de filmar os exercícios de vários ângulos para que o aluno possa entender e executar o movimento com segurança", afirma.

Ele tem gravada uma primeira leva de vídeos de intensidade leve e moderada e vai filmar outros à medida que mais pessoas contratarem o serviço.

No caso de videoaulas com conteúdo (um curso de marketing digital, por exemplo), vendidas em pacotes, Patrícia Rodrigues recomenda que a duração do vídeo seja a mais breve possível, em torno de dez minutos --o que pode variar de acordo com o segmento e o planejamento de aulas.

"Não é possível concentrar muito conteúdo em um vídeo porque quem assiste não vai conseguir aprender. O apresentador deve mostrar os pontos principais e estimular a pesquisa", diz ela.

Completar o vídeo com outros recursos também é uma maneira de enriquecer o material. "A melhor forma de criar conteúdo que engaja é pensar antes em pautas e formatos que melhor atendem ao público. Faça uma live para responder dúvidas ou chame um convidado para um bate-papo", diz Luiza Tavares.

Uma boa forma de começar o planejamento, acrescenta, é se perguntar qual o objetivo do vídeo e, então, colocar no papel quais assuntos serão abordados e quais recursos ajudam nessa tarefa.

Também é importante criar um roteiro, mesmo que informal. "Cada pessoa desenvolve sua forma de planejar. Para algumas, algo muito detalhado pode tirar a espontaneidade e a segurança. Nesse caso, é possível fazer o roteiro em tópicos."

Deixe sua gravação mais profissional

Ensaie
Testar a iluminação, o som, o enquadramento e a conexão previne erros e ajuda a preparar o conteúdo

Arrume o cenário
O espaço usado para gravar o vídeo deve ter relação com seu objetivo e ajudar a contar a história da marca. Na dúvida, opte por um fundo neutro

Preocupe-se com o áudio
Se a gravação da voz for importante para o seu vídeo, priorize um microfone do tipo lapela. O do celular também pode ser usado, mas vai gravar outros sons do ambiente

Arrume a luz
Se não for possível aproveitar a luz do sol, improvise com luminárias. Comece com uma fonte de luz ao lado do telefone ou do computador e teste até achar a melhor posição. Para um resultado mais interessante, acrescente outra fonte de luz no lado oposto e outra atrás (formando um triângulo). Cuidado para que elas não fiquem visíveis ou produzam sombras


Fontes Luiza Tavares, gerente de projetos do YouTube Space Rio, e Patricia Rodrigues, especialista em produção de vídeo

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