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Novos estúdios de games buscam editais para deslanchar

Desenvolvedoras no Brasil buscam alternativas de renda como a criação de protótipos em 3D e o design de apps

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Juliana Veríssimo
São Paulo

Estúdios de games recorrem a fontes alternativas de renda para conseguir se manter enquanto desenvolvem seus jogos, processo que pode levar anos.

Além de idealizar e produzir seus próprios produtos, desenvolvedoras de games no Brasil também prestam serviços para terceiros, como a criação de protótipos em 3D e o design de aplicativos.

É o que mostra uma pesquisa da Abragames (Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Digitais), que ouviu 223 estúdios. Desses, 56% realizaram projetos para outras companhias em 2020 e 2021.

Sandro Manfredini sorri para foto e está sentado no sofá voltado para trás. Com o braço apoiado nas costas do sofá, segura um controle de videogame. Atrás dele, uma televisão tem a imagem de um desenho infantil
Sandro Manfredini, 46, sócio do Aquiris, estúdio de Porto Alegre (RS)  - Divulgação

O Aquiris Game Studio, de Porto Alegre (RS), trabalhava dessa forma quando foi fundado, em 2007. Fez projetos para empresas como Embraer e Chevrolet. O cenário mudou depois de um aporte financeiro de um grupo de investimentos em 2014.

"Isso nos possibilitou ter capital suficiente para desenvolver jogos independentes", afirma Sandro Manfredini, 46, sócio da empresa.

Com o apoio, o estúdio lançou, em agosto de 2015, o "Horizon Chase", jogo que obteve sucesso e apareceu como destaque global na AppStore, loja de aplicativos da Apple.

"Isso nos deu grande visibilidade e abriu portas para novas parcerias", afirma Manfredini.

Uma delas foi com a marca Looney Tunes, que gerou o o jogo "Looney Tunes: World of Mayhem". Em 2021, veio o "Wonderbox", em parceria com a Apple.

Com três produtos ativos e 200 colaboradores, o Aquiris é um dos maiores estúdios de desenvolvimento do país. A empresa não divulga o valor do aporte recebido nem seus dados financeiros.

Escritório do estúdio de games Aquiris, em Porto Alegre
Escritório do estúdio de games Aquiris, em Porto Alegre - Divulgação

Quando consolidados, os estúdios podem lucrar com a venda online de jogos, publicidade, assinaturas, pagamento para remoção de anúncios e licenciamentos. As empresas nacionais estão mais focadas em desenvolver conteúdo para smartphones e tablets, aparelhos mais acessíveis à população do que computadores e consoles.

David de Oliveira Lemes, professor de desenvolvimento de jogos digitais da FAAP e diretor da faculdade de estudos interdisciplinares da PUC-SP, diz que a indústria de games no Brasil vem se
profissionalizado.

"Antes a pessoa tinha uma ideia, criava um game que viralizava e ficava rica. Hoje você tem que entender seu público, seu mercado e ter uma estratégia de lançamento."

A profissionalização e o mercado crescente atraem gente também de outras áreas. O publicitário Bira Lavor, 41, migrou para o setor de games em 2018, após participar de uma maratona de produção de jogos da SPCine, agência de cinema e audiovisual da Prefeitura de São Paulo.

Hoje, Bira é CEO e fundador da PlayStem Academy. O projeto iniciado na maratona gerou o "Milky Shaky Lab", jogo que tem como foco o ensino de conteúdo científico para crianças.

Junto com sete outros estúdios que tiveram seus projetos aceitos, a PlayStem Academy recebeu R$ 50 mil da SPCine para participar do programa e desenvolver o protótipo do game, que ainda será lançado.
Todo o dinheiro usado para desenvolver o projeto e pagar a equipe vem de editais de incentivo. Bira ainda não sabe quando a empresa será
autossuficiente.

"Na fase de pré-lançamento, o aplicativo será gratuito," diz ele, que planeja usar expertise e contatos adquiridos na criação do jogo para construir parcerias.

A diretora de inovação e políticas do audiovisual da SPcine, Lyara Oliveira, diz que haverá novo ciclo da incubadora de games do órgão neste semestre. Serão escolhidos cinco projetos, que receberão R$ 80 mil cada um, além de ajuda para a participação em eventos de games. O programa durará seis meses.

"O intuito não é só dar às empresas dinheiro para viabilizar o projeto, mas criar uma estrutura que gere conhecimento e contatos. O que dá sustentabilidade a um estúdio é saber como lançar um jogo e como acessar investimento privado," diz Pedro Zambon, coordenador do projeto.

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