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Empreendedores investem no mercado de sustentáveis

Pano de cera, ecobag e desodorante natural atraem consumidores atentos ao ambiente

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São Paulo

No cenário de conscientização ambiental, empreendedores adotam práticas e produtos que visam minimizar o impacto ambiental, atraindo cada vez mais clientes preocupados com a sustentabilidade.

O consumo de itens poluentes, como o plástico, é visto com preocupação. De acordo com dados da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o uso mundial de plástico quadruplicou nos últimos 30 anos. Uma saída para reduzir o consumo desses materiais é a adoção da economia circular.

Esse modelo econômico visa prolongar a vida útil de materiais e produtos, a partir da maximização da eficiência no uso de matérias-primas. Assim se reduz ao mínimo o descarte do item, promovendo a reutilização e a reciclagem.

Uma mulher sorridente está segurando um prato de comida colorido. Ela está vestida com uma blusa verde e um avental. Ao fundo, há várias plantas em vasos, e a luz natural entra pela janela, iluminando o ambiente.
Consumidores procuram cada vez mais produtos sustentáveis. A microempreendedora individual Eliane Aragues, dona da loja Canto Eco, fabrica artesanalmente panos de cera - Lucas Seixas/Folhapress

Com o propósito de reduzir o impacto ambiental, Eliane Aragues, dona da loja online Canto Eco, decidiu empreender na área de sustentáveis durante a pandemia, após voltar de um período na Europa. "Queria ter um negócio e produzir alguma coisa com as minhas próprias mãos. E, na Europa, eu conheci o pano de cera."

O pano de cera é um tecido revestido com cera de abelha, usado para embalar alimentos e substituir o tradicional plástico filme. O material permite conservar alimentos por mais tempo e pode ser usado por até um ano.

Para minimizar os riscos iniciais do negócio, Eliane optou por uma abordagem de venda gradual, para avaliar a aceitação dos itens. A microempreendedora individual conta que não procurou apoio na fase inicial da empresa. "Eu falei assim, ‘eu não vou chegar e montar uma loja’. Fui testar no Mercado Livre para saber qual seria a venda. Era um produto novo, sustentável."

A busca por conhecimento e o planejamento inicial são fundamentais para o sucesso, afirma Débora Siqueira, consultora de negócios do Sebrae-SP. "O empreendedor se arrisca porque é um assunto que está na moda. Ele perde por não estar preparado."

Atualmente, o Canto Eco conta com uma colaboradora parcial, que ajuda Eliane na confecção dos panos de cera. A loja comercializa e divulga os produtos no site, nas redes sociais e em plataformas de comércio eletrônico. Além da fabricação própria, o comércio também vende itens de fornecedores, como esponja vegetal e prato de bagaço de cana.

Outro desafio do empreendedor é mostrar ao consumidor os benefícios dos produtos sustentáveis. Para Patricya Soares, sócia da marca Beegreen, é importante quebrar a barreira da desconfiança e mostrar que os itens não só têm qualidade como superam os produtos tradicionais.

Com mais de 50 mil seguidores no Instagram, a Beegreen é uma marca de produtos e serviços sustentáveis. A empresa adota dois modelos de venda, o primeiro diretamente ao público a partir de site próprio, e o segundo para as outras empresas, o chamado modelo B2B.

Os itens vendidos são divididos em duas categorias, a de autocuidado, como sabonetes e desodorante natural, e a de produtos reutilizáveis, como canudos de inox, copos reutilizáveis e ecobags. Alguns produtos são de fabricação própria, e outros são feitos por terceiros.

Débora Siqueira, do Sebrae-SP, explica que o aumento da busca por bens sustentáveis é uma mudança de comportamento do consumidor. "Estamos atravessando uma mudança de consumo mais consciente e positiva. O perfil de público de 30 a 40 anos já vem com essa pegada mais sustentável, de saber a importância e relevância, do impacto do produto no ambiente."

Segundo o Mercado Livre, houve aumento de 40% na venda de produtos sustentáveis de abril de 2022 a março de 2023 na plataforma de comércio eletrônico no Brasil em relação ao mesmo período um ano antes. De acordo com o levantamento, os millennials, nascidos entre 1981 e 1996, são a geração que mais compra produtos sustentáveis.

Criada em 2016, a marca Positiv.a surgiu com o intuito de buscar soluções para os problemas ambientais e sociais por meio de produtos sustentáveis. Após uma sugestão de um tio, Marcella Zambardino e outros dois primos decidiram entrar no mercado de itens de limpeza.

Após realizar pesquisas sobre o tema, os sócios identificaram oportunidades na área de limpeza. "A primeira foi cuidar da saúde das pessoas diretamente, prevenindo doenças. A segunda, a redução drástica na quantidade de embalagens que são descartadas. E a terceira é falar sobre a invisibilidade doméstica, que é uma questão social ainda muito atribuída às mulheres."

Um obstáculo para a ampliação de vendas dos itens é o alto custo das matérias-primas, que é refletido no preço final dos produtos. Além desse desafio, Marcella afirma que ainda há dificuldades nas vendas de produtos sustentáveis. "São quatro barreiras: Convencimento, preço, disponibilidade e performance e saúde."

Para conquistar o consumidor, o empreendedor precisa agregar o valor ao artigo, ou seja, mostrar os benefícios da mercadoria. "Quando você agrega valor, esse público está disposto a pagar mais. Porque esses produtos têm uma relevância, um afeto, um valor que tem um benefício a mais", afirma Débora Siqueira, do Sebrae-SP.

Hoje, a Positiv.a atua na área de produtos de limpeza, como lava roupas e tira manchas, linhas de autocuidado, como sabonete vegetal e desodorantes naturais, e acessórios sustentáveis, como as ecobags. A marca registra um faturamento próximo a R$ 20 milhões e tem 50 funcionários diretos, 18 na fábrica e 32 em outros setores da empresa.

Certificação sustentável

Para atestar a origem sustentável, as certificações dos produtos estão se tornando cada vez mais comuns. A adesão a uma certificação verde pode ser um investimento vantajoso para o empreendedor. "Se o item chegou a ter aquele selo, significa que tem uma experiência diferente e uma credibilidade. O empreendedor, muitas vezes, enxerga como um custo, mas isso é uma porta de entrada", afirma a consultora de negócios do Sebrae-SP.

Em junho, o governo federal lançou o Selo Verde Brasil, que visa padronizar e incentivar o consumo de produtos e serviços sustentáveis. A adesão ao certificado será voluntária, e ela será concedida aos produtos que cumpram critérios de sustentabilidade socioambiental estabelecidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

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