Em busca de apoio republicano, Obama direciona plano para cortes em impostos
O presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, e congressistas democratas trabalham em uma estratégia para oferecer cerca de US$ 300 bilhões em cortes de impostos para indivíduos e empresas, noticiam hoje o jornal americano "The Washington Post" e a agência de notícias Reuters. Essa medida é uma estratégia para atrair o apoio de republicanos a um pacote de estímulo econômico e para incentivar empresas a criar empregos.
O tamanho dos cortes propostos -que corresponderiam a cerca de 40% de um pacote econômico que pode atingir U$ 775 bilhões ao longo de dois anos --é maior do que tanto democratas quanto republicanos haviam previsto. Dessa forma, aumentam as chances de convencer os republicanos que insistiram que qualquer iniciativa deve ser baseada mais em cortes de impostos do que em gastos.
Lawrence Jackson/AP |
O presidente eleito dos EUA, Barack Obama, no aeroporto Midway, em Chicago. |
Pessoas que pagam imposto de renda ou que pedem restituição são o alvo da maior parte dos cortes de impostos.
Republicanos e líderes dos empresários, mesmo antes de conhecer os detalhes do projeto, já recebiam bem a idéia de basear uma proporção maior do plano em cortes fiscais. A resposta deles sugere que a o pacote pode atrair apoio considerável, e ressaltou a determinação do time de Obama de vencer com o respaldo de interesses variados, diz o "Post".
Alguns republicanos, incluindo o líder da bancada republicana no Senado, Mitch McConnel, havia alertado para os riscos de um plano de estímulo prevendo gastos elevados.
Empresas
Já o pacote para as empresas, uma medida chave que permitiria abater os enormes prejuízos do ano passado, bem como qualquer perda que ocorra em 2009, tem o objetivo de reduzir cobranças de impostos retroagindo até cinco anos.
Os assessores de Obama assinalam que as empresas poderiam, de qualquer forma, pedir deduções de impostos em restituições futuras. A proposta, no entanto, acelera essas deduções de forma a deixá-las disponíveis na ano fiscal corrente, porque a falta de crédito está deixando a maioria das empresas sem caixa.
Uma segunda medida levaria as empresas a colocar o dinheiro em novos investimentos. As deduções seriam retroativas mesmo para despesas feitas até janeiro deste ano, assegurando que as empresas não segurem o dinheiro até que o Congresso aprove o plano.
Outro elemento do plano ofereceria um crédito de um ano para empresas que contratarem novos empregados ou deixem de demitir, o que custaria de US$ 40 bilhões a US$ 50 bilhões. O programa do presidente eleito também permitiria que pequenas empresas deduzam uma ampla gama de despesas até a soma de US$ 260 mil, em 2009 e 2010. Atualmente o limite é de US$ 175 mil.
William Gale, um analista de política fiscal do Brookings Institution chamou os benefícios às empresas de "verdadeira surpresa", já que a atenção estava mais voltada para aumentar gastos, como bilhões a serem aplicados em infraestrutura e ajuda aos governos locais. Gale acredita que a estratégia é benéfica, porque não se poderia prever se os gastos seriam feitos de forma inteligente.
Próximos passos
O presidente eleito irá ao Capitólio, a sede do Congresso americano, já nesta segunda-feira para tentar finalizar com os líderes parlamentares as modalidades do plano de recuperação, avaliado entre 775 bilhões e um trilhão de dólares pelo chefe da maioria democrata na Câmara dos Deputados, Steny Hoyer.
Durante a última semana, assessores de Obama também anunciaram a criação de 3 milhões de empregos como prioridade número um do presidente eleito, que também pretende aumentar benefícios relacionados ao seguro-desemprego e ao Medicaid, sistema de saúde pública americano.
Líderes democratas e assessores de Obama reconhecem que o objetivo dos congressistas democratas de submeter o plano até a posse em 20 de janeiro não é realista. Agora eles esperam fazê-lo até 13 de fevereiro, quando o Congresso entra em recesso.
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