Trump pediu ao FBI para encerrar inquérito sobre ex-assessor, diz jornal

Crédito: Chip Somodevilla/Getty Images/AFP WASHINGTON, DC - MAY 12: U.S. President Donald Trump hosts an event for military mothers on National Military Spouse Appreciation Day with is wife, first lady Melania Trump, in the East Room of the White Hosue May 12, 2017 in Washington, DC. The U.S. Marine Chamber Orchestra and the U.S. Army Chors performed patriotic music for the invited guests two days before Mother's Day. Chip Somodevilla/Getty Images/AFP == FOR NEWSPAPERS, INTERNET, TELCOS & TELEVISION USE ONLY ==
O presidente Donald Trump, que teria pedido para encerrar investigação

ISABEL FLECK
DE WASHINGTON

O presidente dos EUA, Donald Trump, pediu em fevereiro ao então diretor do FBI (polícia federal americana), James Comey, que encerrasse uma investigação federal sobre Michael Flynn um dia depois de o conselheiro de Segurança Nacional renunciar, segundo o "New York Times".

O registro do pedido de Trump estaria em um memorando escrito por Comey, demitido na semana passada, de acordo com dois funcionários do governo que tiveram acesso ao documento.

Se confirmada a existência do memorando —que não foi visto pela reportagem do "New York Times"—, essa será a primeira evidência de que o presidente tentou interferir nas investigações sobre possíveis ligações de membros da sua equipe com a Rússia durante as eleições.

Flynn caiu após ter sido revelado que discutiu as sanções aplicadas contra Moscou com o embaixador russo, Sergey Kislyak, antes mesmo de Trump tomar posse.

Segundo o governo, o então conselheiro mentira ao vice-presidente, Mike Pence, sobre o conteúdo da conversa, escondendo que o tema tinha sido tratado.

"Ele [Flynn] é um bom sujeito. Eu espero que você deixe isso para lá", disse Trump ao então diretor do FBI em 14 de fevereiro, segundo o memorando. O presidente teria dito a Comey que Flynn não fizera nada de errado.

Em nota, a Casa Branca negou que Trump tenha feito qualquer pedido a Comey e disse que a reportagem não é um "retrato verdadeiro ou exato da conversa" dos dois.

"Embora o presidente tenha expressado repetidamente sua opinião de que o general Flynn é um homem decente, ("¦) ele nunca pediu ao sr. Comey ou a qualquer outra pessoa para encerrar qualquer investigação."

Após a publicação da reportagem, o chefe do Comitê de Fiscalização e Reforma do Governo na Câmara, o republicano Jason Chaffetz, pediu ao FBI toda a documentação existente sobre as conversas entre Trump e o ex-diretor.

Comey, que conduzia a investigação sobre a interferência russa na eleição e os possíveis elos de assessores de Trump com o governo de Vladimir Putin durante a campanha, foi demitido no dia 9.

A justificativa oficial da Casa Branca para sua saída foi a decisão de Comey, tomada em julho de 2016, de não recomendar o indiciamento da ex-secretária de Estado Hillary Clinton pelo uso indevido de e-mails enquanto estava à frente da pasta.

No entanto, o próprio presidente afirmou em entrevista à rede NBC, na última semana, que pensou "nessa coisa da Rússia" quando decidiu demitir o diretor.

Segundo o jornal, Comey escreveu o memorando detalhando sua conversa com Trump imediatamente após o encontro, e o documento integra um arquivo que o então diretor do FBI resolveu criar para registrar o que considerou um esforço do governo de influenciar a investigação.

Na quinta (11), o "New York Times" publicou que, em um jantar em janeiro, Trump pediu a "lealdade" de Comey, que respondeu prometendo "honestidade". Na sexta, o presidente sugeriu que pode ter gravado suas conversas com o ex-diretor do FBI e fez um "alerta" para que Comey pensasse nisso antes de vazar informações à imprensa.

A declaração de Trump levou à comparação com as gravações de conversas, feitas pelo ex-presidente Richard Nixon no Salão Oval. A revelação sobre as fitas levou à queda de Nixon, no escândalo do Watergate.

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