Descrição de chapéu terrorismo estado islâmico

Em exposição, brasileiros e iraquianos retratam Mossul pós-guerra

Fotógrafos exibem registros do conflito em primeira mostra internacional após expulsão do EI

Carla Aranha
Mossul

Fotógrafos brasileiros e iraquianos encerram nesta quarta-feira (28) uma exposição de imagens sobre a cidade de Mossul, no Iraque, a primeira exibição internacional a acontecer na cidade desde que o Exército do país retomou seu controle.

Entre 2014 e 2017, período em que esteve dominada pela facção terrorista Estado Islâmico, todas as manifestações artísticas foram proibidas. 

“É importante trazer a arte de volta à cidade”, diz o fotógrafo iraquiano Zaid Al Obeid, curador da mostra  “Do Brasil para Mossul com Amor”,  que foi feita na Universidade Al Hadba, às margens do Rio Tigre.

“Os fotojornalistas brasileiros e iraquianos têm uma linguagem semelhante e, além disso, consideramos o Brasil um país amigo”, complementa.

A exposição traz trabalhos dos brasileiros Jorge Aguiar, Leandro Taques, Tadeu Vilani e Marcelo Buainin.

“A fotografia documental, em preto e branco, é uma ferramenta fundamental para o registro do cotidiano, inclusive de guerras e situações de conflito”, diz Taques. “Estou feliz em ter fotos minhas nessa exposição em Mossul, junto com os colegas iraquianos com os quais compartilhamos um estilo parecido”, afirma.

Nas fotos dos brasileiros, surgem homens devastados pelo tempo e sugados por paisagens imutáveis. Jogos coletivos improvisados em meio a cenários rudimentares e cenas do cotidiano rural do país também são retratadas com intensidade.

Do lado iraquiano, o foco se dirige às ruínas dos bairros mais atingidos por bombardeios em Mossul, símbolos arquitetônicos e na esperança que não morreu, e salta aos olhos no registro do homem que pega sua bicicleta para ver o que restou das ruas que frequentava na infância. 

“Tenho mais de mil fotos da cidade antiga, o coração de Mossul, que foi quase totalmente destruída na guerra pela libertação da cidade”, diz o fotógrafo Muslim Fahkri, de Mossul, que cresceu no local.

“Tenho um apreço especial por esse tipo de documentação e espero que o mundo possa entender melhor o que se passou aqui através dessas imagens”, diz.

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