Diante da falta de cédulas, eleitores votam com fotocópias na Colômbia

Escassez afetou primárias para a Presidência, que foram junto com as eleições legislativas

Eleitor mostra fotocópia da cédula das primárias presidenciais dos partidos de direita antes de votar em Cali, na Colômbia
Eleitor mostra fotocópia da cédula das primárias presidenciais dos partidos de direita antes de votar em Cali, na Colômbia - Luis Robayo/AFP
São Paulo e Bogotá

As eleições legislativas da Colômbia foram encerradas às 16h locais (18h em Brasília) em meio à confusão provocada pela falta de cédulas para as primárias partidárias que definirão os candidatos da eleição presidencial de 27 de maio.

Até a publicação deste texto a apuração não passava de 1% e não houve pesquisas de boca de urna. Antes da eleição, os estudos apontavam que o Centro Democrático (direita), do ex-presidente Álvaro Uribe, conquistaria a maior bancada.

A Direção Nacional de Registro Civil, responsável pelos dois pleitos, informou que não houve cédulas suficientes em 20 das cerca de 11 mil seções eleitorais, incluindo postos da capital, Bogotá, e de cidades como Medellín, Cali e Barranquilla.

Houve primárias em duas frentes: na de direita os eleitores puderam escolher como candidato presidencial o senador Iván Duque, aliado de Álvaro Uribe, a ex-ministra Marta Lucía Ramírez e o ex-procurador Alejandro Ordóñez.

Nas pesquisas antes da eleição Duque aparecia em primeiro, seguido por Ramírez. Já do lado da esquerda a escolha foi entre o ex-prefeito de Bogotá Gustavo Petro, líder nas intenções de votos, e Carlos Caicedo, ex-prefeito de Santa Marta.

O diretor da autarquia, Juan Carlos Galindo, disse que, devido à falta de recursos para a votação, só foi possível imprimir 15 milhões de cédulas para cada uma das duas chapas —o país tem 36 milhões de pessoas habilitadas a sufragar.

Inicialmente as autoridades transferiram cédulas entre as seções, mas, com a persistência do desabastecimento, Galindo autorizou o uso de cópias dos formulários para votar. O problema foi resolvido a minutos do fechamento das urnas.

Segundo o diretor do Registro Civil encarregado das eleições, Jairo Suárez, a organização pediu ao governo 33 bilhões de pesos (R$ 37,6 milhões) para realizar a votação, mas só recebeu 26 bilhões (R$ 29,6 milhões).

O governo atribuiu o desabastecimento à má distribuição nas cédulas. O ministro da Fazenda, Mauricio Cárdenas, disse que a impressão foi feita com base na média histórica da abstenção, de cerca de 60% —o voto não é obrigatório.

“Não há nenhum motivo para que faltem as cédulas porque foram impressas mais do que as necessário”, afirmou.

As frentes de esquerda e direita também se acusaram de reter as cédulas dos adversários e de comprar votos, mas também disseram que o presidente Juan Manuel Santos, cujos aliados não participam das primárias, deseja debilitar as duas consultas.

Embora a falta tenha sido maior do lado da direita, os candidatos de ambos os lados chamaram a escassez das cédulas de sabotagem, trapaça ou fraude. "O que o governo queria era diminuir a magnitude da força daqueles que não votam em seus candidatos", disse Petro.

No meio da tarde, Uribe pediu a seus seguidores que permanecessem nos centros de votação a espera das fotocópias. "Não é possível que as cédulas acabem ou que os mesários não as entreguem. Devem solucionar isso imediatamente."

Houve protestos de militantes de diferentes partidos em algumas das seções de Bogotá, Medellín, Manizales, Barranquilla, Bucaramanga e Cali no final da manhã, quando começaram a faltar as cédulas das primárias.

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