Contra notícias falsas, ONG quer certificação para mídia confiável

Repórteres sem Fronteiras propõe 'selo' para veículos que seguem normas

Mulher em frente a propaganda contra fake news em Kuala Lumpur, na Malásia
Mulher em frente a propaganda contra fake news em Kuala Lumpur, na Malásia - Nohd Rasfan - 26.mar.18/AFP
Paris | AFP

A ONG Repórteres sem Fronteiras lançou nesta terça-feira (3) um dispositivo de luta contra a desinformação para distinguir os veículos de comunicação, tendo como base critérios de integridade e princípios éticos.

Em discussões que duraram meses para combater a propagação das chamadas fake news (notícias falsas) nas redes sociais, a JTI (Journalism Trust Initiative, ou Iniciativa para Confiabilidade do Jornalismo) é um sistema que se baseia na autorregulação dos meios, afirmou a ONG.

O projeto recebeu três apoios até o momento: da AFP (Agence France-Presse), da União Europeia de Radiodifusão (que reúne veículos de comunicação públicos da Europa) e da Global Editors Network, uma rede mundial com 2.300 chefes de redações.

O princípio consiste em estabelecer normas de referência e, portanto, um padrão de confiabilidade. Segundo a Repórteres Sem Fronteiras, isso permitiria distinguir os veículos que trabalham de maneira confiável e ajudar a valorizar seu trabalho.

Na prática, as redes sociais (como Facebook e Twitter) e as ferramentas de busca poderiam priorizar, em seus algoritmos, os veículos certificados pela JTI, em detrimento de outras fontes.

Anunciantes também poderiam privilegiar esses veículos de comunicação ao veicular suas campanhas publicitárias. A Repórteres Sem Fronteiras sugere que as normas estabelecidas pelo mecanismo ainda poderiam servir de referência para instâncias de regulação, a exemplo dos conselhos que existem em países europeus.

Segundo a ONG, esses padrões de qualidade vão ajudar a medir o grau de transparência de um veículo, sua independência editorial, o uso de métodos jornalísticos e o respeito por princípios éticos.

Essas normas serão estabelecidas no âmbito de um processo combinado sob o patrocínio do Comitê Europeu de Normatização, completou a ONG, acrescentando que os respectivos organismos francês e alemão também estarão envolvidos.

Veículos de imprensa, associações e sindicatos de jornalistas, órgãos de autorregulação, plataformas digitais, anunciantes e associações de consumidores poderão contribuir.

Uma vez que essas normas estejam estabelecidas, os veículos de comunicação poderão solicitar sua certificação, conforme processo a ser definido.

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