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Declarações de Trump ao lado de Putin sobre eleição desagradam até aliados

Republicanos dizem que presidente dos EUA perdeu a oportunidade de responsabilizar russos

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O presidente dos EUA, Donald Trump (à esquerda), recebe bola de futebol do mandatário russo, Vladimir Putin, em Helsinque (Finlândia)
O presidente dos EUA, Donald Trump, recebe bola de futebol do mandatário russo, Vladimir Putin, em Helsinque (Finlândia) - Alexander Zemlianichenko/Associated Press
Washington

Nem a conservadora Fox News, emissora de TV alinhada ao ideário republicano nos EUA, ficou ao lado do presidente americano, Donald Trump, nesta segunda-feira (16).

Horas depois de uma entrevista concedida ao lado do russo Vladimir Putin, em que o republicano colocou em dúvida as conclusões da inteligência americana sobre a interferência da Rússia nas eleições presidenciais de 2016, as manchetes de todos os jornais e emissoras do país falavam do “choque” e “reprovação” de membros do Congresso e do governo quanto às declarações de Trump.

“Há um consenso crescente de que ele lançou o país debaixo do ônibus”, afirmou o correspondente da Fox News John Roberts, citando uma expressão popular americana para indicar uma traição.

“Foi uma das performances mais vergonhosas de um presidente americano na história”, afirmou o senador John McCain, que, aos 81 anos, é um dos baluartes do Partido Republicano nos EUA.

O presidente afirmou nesta segunda que Putin deu uma “poderosa negativa” à acusação de intromissão no processo eleitoral americano e disse que não havia motivos para duvidar do mandatário –poucos dias depois de o Departamento de Justiça denunciar agentes de inteligência russos sob essa exata acusação.

As declarações, bem como a amigável postura de Trump para com o mandatário russo, repercutiram mal nos EUA, inclusive dentro do partido e do governo do republicano.

Uma das manifestações mais incisivas veio do chefe da inteligência nacional dos Estados Unidos, Dan Coats. Em uma rara nota, o conselheiro de Trump reafirmou as conclusões de agências governamentais sobre a interferência do Kremlin na disputa de 2016.

“Nós temos sido claros em nossas avaliações sobre a intromissão russa nas eleições, e de seus esforços contínuos e generalizados para minar nossa democracia”, escreveu Coats.

“Continuaremos a fornecer informações diretas e objetivas em apoio à nossa segurança nacional.”

“Eu não sei nem o que dizer. Ele prefere considerar a palavra da KGB [agência de espionagem russa] à do FBI”, afirmava um estupefato comentarista na CNN Philip Mudd, que foi diretor da CIA e do FBI.

A caminho de Washington, o presidente americano usou as redes sociais para reafirmar que “tem grande confiança” nas forças de inteligência do país.

“Mas eu também reconheço que, para construirmos um futuro melhor, não podemos nos centrar exclusivamente no passado. Na condição de duas das mais poderosas potências nucleares do mundo, precisamos nos dar bem”, escreveu Trump.

O presidente ainda destacou que “prefere correr um risco político em busca da paz a arriscar a paz por motivos políticos”. “Um diálogo produtivo não é bom apenas para os EUA e a Rússia, mas para o mundo”, declarou.

A estratégia diplomática, porém, não foi bem avaliada pelos colegas de partido. 

“Foi uma oportunidade perdida para responsabilizar a Rússia pelo que fez em 2016”, disse o senador Lindsey Graham, que costuma ser um defensor de Trump no Congresso.

“O presidente precisa compreender que a Rússia não é nossa aliada”, declarou, em nota, o presidente da Câmara, o também republicano Paul Ryan.

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