Descrição de chapéu Governo Trump

EUA têm queda em junho de 18% no total de imigrantes apreendidos ou barrados

Governo diz que recuo é normal para o mês; na comparação com junho de 2017 houve alta de 92%

Migrantes da Guatemala são barrados pelas autoridades dos EUA no Texas
Migrantes da Guatemala são barrados pelas autoridades dos EUA no Texas - Adrees Latif - 19.jun.2018/Reuters
Nova York

​​​O número de imigrantes apreendidos ou barrados na fronteira dos Estados Unidos com o México cresceu 91,6% no primeiro semestre do ano, em relação ao mesmo período de 2017. 

 
O dado foi divulgado nesta quinta (5) pelo serviço de Alfândega e Proteção das Fronteiras dos Estados Unidos.
 
Até junho, 268.182 imigrantes foram apreendidos ou considerados inadmissíveis nos EUA. No mesmo intervalo de 2017, foram 139.969.
 
Para Jeanne Batalova, analista do Instituto de Políticas de Migração, é cedo para atribuir o aumento das apreensões e inadmissões à política de tolerância zero adotada pelo governo do republicano Donald Trump a partir de abril. 
 
Ela diz que é preciso colocar os dados do primeiro semestre deste ano em contexto. Embora representem um salto em relação a 2017, os números não destoam tanto se comparados a anos anteriores. Nos seis meses iniciais de 2016, por exemplo, foram 267.746 imigrantes apreendidos ou considerados inadmissíveis. Em 2015, foram 219.480. 

​Batalova explica que a queda registrada em 2017 foi uma exceção. "No ano passado, os números caíram após a posse de Trump, pois as pessoas esperaram para saber que políticas ele iria implementar", diz. 

 
"Como viram que, apesar das várias declarações e críticas, nenhuma ação foi adotada, o fluxo migratório retornou no segundo semestre."
 
Ainda conforme os dados do governo, em junho deste ano o número de apreensões e inadmissões recuou em relação a maio. Foram 42.565, ante 51.905. O governo atribui a queda à tolerância zera que passou a levar os migrantes a tribunais criminais, mas o movimento pode ser sazonal, segundo Batalova. 
 
As altas temperaturas do verão setentrional tornam mais desgastante a travessia pelo deserto até a fronteira.
 
Para a analista, só em três meses será possível ter dimensão do impacto. "No outono [do hemisfério norte], quando os números tipicamente aumentam, veremos se há realmente uma trajetória de queda."
 
Para ela, alguns fatores podem ser determinantes. "Se houver a percepção de que as condições vão ficar mais intolerantes, essas famílias podem repensar. Algumas, por terem visto a separação de pais e filhos, podem escolher não fazer a travessia", afirma.
 
Ela lembra que a decisão de migrar ilegalmente é tomada após a ponderação do risco de ser flagrado e deportado, mas também das condições que levaram essas famílias a fugirem de seus países. 
 
Por isso, Batalova não descarta a possibilidade de aumento, com famílias aproveitando a atual indefinição sobre se o governo vai manter ou abandonar a política. 
 
O acirramento da abordagem veio em abril. Os imigrantes flagrados tentando entrar ilegalmente foram separados de seus filhos e levados a prisões federais, enquanto as crianças foram conduzidas a abrigos espalhados pelos EUA.
 
No final de junho, ante a repercussão negativa, Trump assinou decreto para manter pais e filhos juntos --sem suspender as medidas restritivas.
 
Pela estimativa mais recente do governo americano, cerca de 3.000 crianças foram separadas dos pais e estão sob custódia federal. Delas, cem teriam menos de 5 anos, segundo a CNN.

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