Israel manda afastar de fronteira sírios fugindo de ofensiva

No último mês, dezenas de milhares de sírios buscaram refúgio nas Colinas de Golã

Sírios se aproximam da Colinas de Golã, ocupada por Israel, fugindo de ofensiva do governo - Jalaa Marey/AFP
Beirute e Colinas de Golã | Reuters

Dezenas de milhares de sírios se aproximaram da fronteira de Israel nas Colinas de Golã nesta terça-feira (17) numa aparente tentativa de buscar ajuda ou asilo depois de uma escalada na ofensiva do Exército sírio, apoiada pela Rússia. No entanto, forças israelenses fizeram um alerta para que se afastassem da fronteira.

Desde o mês passado, uma multidão chegou à fronteira em Golã, sob ocupação israelense, fugindo da ofensiva que destruiu as forças rebeldes em uma faixa de território próximo a Israel e à Jordânia. 

"Voltem antes que algo ruim aconteça. Se vocês querem ajuda, voltem", disse à multidão um oficial do Exército israelense, em árabe, por meio de um megafone. "Andem."

Tanto Israel quanto a Jordânia disseram que não vão permitir que sírios cruzem para seus territórios. 

Israel, que capturou o Golã em 1967 após a Guerra dos Seis Dias, tem dado ajuda humanitária a refugiados em campos situados próximo a uma linha estabelecida em 1974 e que é monitorada por uma força da ONU, a chamada Linha Roxa. Muitos dos deslocados estão refugiados dentro dessa faixa. 

Os sírios se aproximaram a cerca de 200 metros da fronteira , antes do alerta israelense. 

"Vocês estão na fronteira do Estado de Israel. Voltem, não queremos machucar vocês", gritou um soldado em árabe, por meio de um megafone. 

A multidão, que incluía mulheres e crianças, voltou lentamente em direção ao campo de refugiados. Alguns pararam no meio do caminho e sacudiram bandeiras brancas em direção à fronteira de Israel. 

A operação síria, apoiada pela Rússia, tem avançado rapidamente. Os EUA, que já armou os rebeldes do sul, disse a eles que não esperassem uma intervenção no mês passado. 

A ONU afirmou na semana passada que 160 mil sírios fugiram da província de Quneitra, próximo do Golã. 

Ao menos 14 pessoas, entre elas cinco crianças e algumas mulheres, foram mortas quando forças do governo sírio bombardearam o vilarejo de Ain al-Tineh, a 10 km da fronteira de Golã, afirmou o Observatório Sírio de Direitos Humanos. 

A TV estatal síria transmitiu a partir da colina de al-Haara, capturada dos rebeldes na segunda-feira (16), com vistas para a fronteira do Golã. 

Soldados sírios levantaram seus rifles e exibiram fotos do ditador Bashar al Assad ao celebrarem a derrota rebelde.

"Vamos liberar a Síria", disse um dos soldados. 

Israel ameaçou responder duramente a qualquer tentativa das forças sírias de atacar a Linha Roxa. 

Em encontro com o presidente Donald Trump na segunda-feira, o presidente russo, Vladimir Putin, citou a necessidade de restaurar a situação na fronteira de Golã.

O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, tem pressionado Putin para que controle forças iranianas ou apoiadas pelo Irã dentro da Síria.

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