Trump cobra dinheiro e compromisso de países aliados da Otan

Presidente dos EUA enviou cartas com críticas; palavras mais duras foram dirigidas a Merkel

Trump franze a testa ao passar por uma porta de madeira branca. Ele, que veste terno preto, camisa branca e gravata azul listrada, é retratado da cintura para cima.
O presidente dos EUA, Donald Trump deixa a Ala Oeste da Casa Branca para receber o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte - Susan Walsh/Associated Press
São Paulo

Nas últimas semanas, o presidente americano, Donald Trump, enviou a líderes de diversos países da Otan (aliança militar ocidental) cartas com palavras duras em que cobra maior compromisso e investimento na segurança do grupo.

Entre os países que receberam a reprimenda escrita estão Alemanha, Bélgica, Canadá e Noruega, segundo o New York Times.

Não é a primeira vez que Trump critica os aliados, mas as cartas personalizadas, entregues dias antes da cúpula da Otan, que começa no dia 11 em Bruxelas, já são garantia de saia justa no encontro.

Segundo a revista Foreign Policy, que revelou a existência das cartas, na última semana, a linguagem mais dura foi destinada à chanceler alemã, Angela Merkel.

"Vai se tornar cada vez mais difícil justificar aos cidadãos americanos por que alguns países não compartilham o fardo da segurança coletiva da Otan enquanto soldados americanos continuam sacrificando suas vidas no exterior ou voltam para casa gravemente feridos", disse o republicano a Merkel, de acordo com o Times.

Trump disse ainda que o pouco investimento alemão em defesa "mina a segurança da aliança" e serve como legitimação para outros países que não queiram gastar com segurança —já que a Alemanha "é tida como um modelo".

Desde que assumiu, o presidente americano adotou um tom hostil com seus aliados na Otan.

Ele critica o fato de muitos países da aliança não cumprirem o compromisso assumido em 2014 de gastar 2% de seu produto interno bruto na defesa nacional.

Durante sua campanha à Casa Branca, o republicano disse que a Otan estava "obsoleta". Meses depois, ao receber o secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg, voltou atrás.

Mais recentemente, no entanto, em encontro do G7 em junho, ele disse, a portas fechadas, que a Otan "é tão ruim quanto o Nafta" —o acordo de livre comércio entre EUA, México e Canadá, que Trump chegou a anunciar que deixaria no começo do governo.

Em quase 18 meses de governo, o republicano já ordenou que o país saísse tanto de acordos e negociações multilaterais, como a Parceria Transpacífico, o pacto do clima de Paris e o acordo nuclear com o Irã, como de organismos como a Unesco e o Conselho de Direitos Humanos da ONU.

Não está claro se, em relação à Otan, Trump pretende ir tão longe, ou se quer apenas constranger os demais países.

O presidente americano vai reunir com seu homólogo russo, Vladimir Putin, na sequência da cúpula da Otan em Bruxelas. Um dos temas da reunião na Finlândia, no dia 16 de julho, será a presença das forças da aliança ocidental no Leste Europeu, uma pedra no sapato de Putin.

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