União Europeia lança programa para jovens viajarem pelo bloco de graça

Estudantes e lideranças temem que falte dinheiro para o programa educacional Erasmus

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Roma

​Forças populistas avançam famintas na União Europeia, saltando fronteiras e ameaçando despedaçar todo o bloco. Os críticos da integração regional já governam em países como a Itália, a terceira economia da zona do euro.

Preocupados, os líderes europeus testam agora um novo tratamento: uma viagem de trem. O bloco inaugura neste mês um programa-piloto chamado Discover EU (descubra a UE, em inglês).

Com orçamento de R$ 50 milhões, a União Europeia entregará passagens a 15 mil cidadãos europeus de 18 anos para perambularem de graça pelos 28 países-membros.

A ideia é que eles conheçam melhor a diversidade cultural do bloco e reforcem, assim, sua identidade europeia —mais do que as tantas identidades nacionais que têm ganhado momento na região.

Esta é a primeira geração que nasceu e cresceu já dentro do Espaço Schengen, nome dado ao território no qual europeus podem circular livremente desde 1995.

O projeto foi idealizado pelo eurodeputado alemão Manfred Weber, 45, que lidera a bancada conservadora do Parlamento Europeu com 219 legisladores de 751 cadeiras.

“Depois do verão do ‘brexit’, buscamos um ímpeto fresco para a construção da Europa”, afirma à Folha, em alusão à saída do Reino Unido da União Europeia, aprovada em plebiscito em junho de 2016.

“Ao fazer com que os jovens descubram a riqueza de suas diferenças, nós queremos permitir também que eles percebam o que lhes une, contribuindo ao menos a um sentimento de convivência.”

Ele pensa em sua própria experiência. Weber viajou de trem pela Europa quando era um estudante de engenharia.

“Aquilo mudou a minha vida. Ajudou-me a entender a diversidade de culturas e de mentalidades e determinou a formação de minha profunda convicção como europeu.” 

A experiência dele ressoa na do finlandês Juuso Järviniemi, 22, presidente do Movimento de Jovens Europeus do Reino Unido. Ele também teve a oportunidade de circular pelo bloco. 

Hoje mora na Escócia. “Não consigo me imaginar como cidadão de um país específico. Sou mais europeu do que finlandês.”

Järviniemi e seu movimento defendem o Discover EU e concordam com a tese de que jovens podem se apegar ao continente se puderem circular por ele de graça, desde que não haja detrimento aos programas educacionais.

O clássico projeto Erasmus financia desde 1987 os estudos de europeus em outros países do bloco e é um caso de promoção da identidade comum aliada a um projeto pedagógico, segundo ele. “Se houver fundos para ambos, ótimo.”

A sueca Anna Widegren, 31, tem a mesma preocupação. Líder do Fórum Jovem, preferia que a UE incrementasse o orçamento do Erasmus.

“Sabemos que a mobilidade cria uma identidade mais forte. Mas como isso pode ser feito só com uma viagem, sem um programa educacional?”

Os périplos devem começar em setembro.

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