Após 11 anos de atritos, Equador e EUA retomam cooperação militar

Quito vai comprar armas, radares, seis helicópteros e outros equipamentos americanos

O vice-presidente dos EUA, Mike Pence (esq) e o presidente do Equador, Lenín Moreno, posam para foto no palácio presidencial de Carandolet, em Quito (Equador) - Cristina Vega - 28.jun.18/AFP
Quito | AFP e Associated Press

O Equador anunciou o relançamento da cooperação militar com os EUA, em um sinal de melhora na relação entre os dois países no governo de Lenín Moreno

O ministro da Defesa equatoriano, Oswaldo Jarrin, disse que seu país também vai comprar armas, radares, seis helicópteros e outros equipamentos americanos. 

A cooperação vai incluir ainda treinamento e compartilhamento de informações de inteligência. 

O anúncio ocorre após visita em junho do vice-presidente dos EUA, Mike Pence, e de ataques de guerrilhas colombianas que mataram quatro soldados e três jornalistas equatorianos na fronteira entre os dois países. 

Um avião militar dos EUA recebeu autorização para operar no Equador para realizar atividades de inteligência por alguns dias, anunciou ainda Jarrín.

O ministro não indicou que tipo de informação a aeronave busca colocar nem que zonas vai sobrevoar.

Mas disse, na última quinta-feira (2) que ela estaria no país dentro de “no máximo três ou quatro dias”. Os ministérios de Defesa e de Interior terão acesso às informações coletadas. 

“Virá um avião que nos permitirá obter inteligência e retornará [aos EUA]”, disse. 

Segundo Jarrín, a cooperação com os EUA ocorrerá “de forma temporária e sem que haja uma base militar no país”. 

As relações entre EUA e Equador sofreram uma deterioração durante o governo do presidente Rafael Correa (2007-2017). 

Em 2007, Correa se recusou a renovar um acordo que permitia Washington usar a base da Força Aérea no porto de Manta para atividades contra o narcotráfico. Os EUA usavam a base havia 10 anos. 

A Constituição de 2008, aprovada durante seu governo, proíbe a presença de bases estrangeiras no país. 
Correa também expulsou uma embaixadora americana e vários militares e diplomatas.

E acolheu, em sua embaixada em Londres, o fundador do WikiLeaks, Julian Assange, que corria risco de extradição para a Suécia. Assange revelou arquivos secretos do governo americano.

Segundo Jarrín, vai ser criado agora um “escritório de ligação” na embaixada dos EUA em Quito para que os dois países tratem de temas de segurança e de defesa. 

“Esse escritório de cooperação em segurança será implementado em poucos dias. Pretende-se obter o apoio de outros países para melhorar a segurança especialmente no que diz respeito à obtenção de inteligência, o que é básico para as operações militares”, disse o ministro.
 

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