Líderes europeus desafiam Trump e defendem fortalecer negócios com o Irã

EUA reinstalaram sanções contra Teerã nesta terça (7) após saírem do acordo nuclear de 2015

Bruxelas | Reuters

A União Europeia voltou a desafiar o presidente americano, Donald Trump, e defendeu o fortalecimento de negócios com o Irã depois que os EUA reativaram sanções contra Teerã que haviam sido suspensas em 2015.

Iraniano passa em frente a casa de câmbio em Teerã nesta quarta-feira (8), um dia após a reimposição de sanções americanas contra o Irã
Iraniano passa em frente a casa de câmbio em Teerã nesta quarta-feira (8), um dia após a reimposição de sanções americanas contra o Irã - Atta Kenare/AFP

Naquele ano, Teerã e Washington, juntamente de Alemanha, Reino Unido, França, Rússia e China, assinaram o acordo nuclear que retirou as sanções em troca da redução do programa nuclear iraniano.

Cumprindo uma de suas promessas de campanha, Trump retirou os EUA do acordo em maio deste ano e desafiou os países europeus a não seguirem as sanções. Segundo ele, empresas que mantivessem negócios com os iranianos seriam impedidas de fazer transações com os americanos.

Em um comunicado, a chefe da diplomacia da UE, Federica Mogherini, afirmou que os países signatários do acordo trabalharão contra as sanções de Washington.

"Lamentamos profundamente a reimposição das sanções pelos EUA, devido à saída deste do JCPOA [Plano de Ação Compreensiva Conjunta, na sigla oficial do acordo nuclear em inglês]. O JCPOA trabalha para atingir sua meta, que é garantir que o programa iraniano permaneça exclusivamente pacífico, como confirmado pela Agência Internacional de Energia Atômica", disse a nota, assinada também pelos ministros das Relações Exteriores da França, Alemanha e Reino Unido.

Ao detalhar a instalação das sanções, na segunda-feira (6), a Casa Branca incentivou outras nações a tomarem "as mesmas medidas para deixar claro que o regime iraniano tem uma escolha: ou muda seu comportamento ameaçador e desestabilizador e se reintegra com a economia global, ou seguir por um caminho de isolamento econômico." 

Empresas europeias como as fabricantes de automóveis PSA-Peugeot Citroën, Renault e Daimler já anunciaram que irão suspender as respectivas joint ventures que mantêm com montadoras iranianas.

A petrolífera francesa Total afirmou que vai encerrar o bilionário projeto de gás South Pars se não conseguir fugir das sanções americanas. Um pedido do ministro francês das Finanças, Bruno Le Maire, nesse sentido havia sido rejeitado por Washington.

A fabricante de aviões franco-italiana ATR acabou de entregar cinco aviões para a Iran Air, principal companhia aérea iraniana, mas enfrenta dificuldades com autoridades americanas para entregar outros sete aviões encomendados.

A própria Boeing, gigante americana, perdeu contratos de US$ 20 bilhões (R$ 75 bilhões) com a reimposição das sanções. A fabricante tinha encomendas de 80 aviões para a Iran Air e outros 30 para a Aseman Airlines, terceira aérea do país.

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