Moradores do centro de Caracas protestaram na noite desta quinta-feira (16), nos arredores do palácio presidencial de Miraflores, por um apagão na área, e foram reprimidos por forças militares, informou a ONG Observatório Venezuelano de Conflito Social (OVCS).
"Houve repressão da Guarda Nacional com gás lacrimogêneo e golpes", disse à AFP Marco Ponce, coordenador da ONG.
Ponce relatou que membros da Guarda Nacional "roubaram" telefones de pessoas que "estavam documentando o protesto".
Moradores de Altagracia e de outros bairros populares próximos ao Miraflores iniciaram o protesto contra o regime do ditador Nicolás Maduro diante de um apagão de mais de 24 horas.
"Queremos luz!", gritavam os manifestantes, segundo vídeos divulgados pela imprensa local. Pneus foram queimados na região e também ocorreu um panelaço.
"Eles não solucionam. Perseguem, reprimem e prendem", escreveu em uma rede social o deputado opositor Juan Guaidó ao condenar a atuação da Guarda Nacional.
Mais cedo nesta quinta, Caracas também registrou uma marcha de trabalhadores da saúde, em greve há mais de um mês. Eles reivindicam aumento salarial e insumos hospitalares. Os hospitais venezuelanos sofrem com a falta de água, medicamentos e eletricidade.
Os apagões estão se tornando cada vez mais comuns na Venezuela, especialmente nos estados de Zulia, Táchira, Mérida e Trujillo, no oeste do país.
O regime chavista atribui a situação a "sabotagens", mas especialistas afirmam que o problema é a falta de manutenção nas instalações geradoras de energia.
O país atravessa uma profunda crise econômica, com uma inflação projetada em 1.000.000% para 2018 pelo FMI.
Nos últimos meses se intensificaram os protestos contra a escassez de alimentos, remédios e serviços básicos como eletricidade e água.
Mais de 7.000 manifestações ocorreram de janeiro a julho deste ano, segundo a ONG.
De acordo com Ponde, 14 pessoas foram mortas pelas forças de segurança durante esses protestos.
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