Dois homens com os mesmos nomes daqueles apontados pelo Reino Unido como autores do ataque químico contra um ex-agente russo disseram nesta quinta (13) ser vítimas de uma “coincidência fantástica”.
Dois entrevistados de um programa da RT (canal estatal da Rússia) identificados como Alexander Petrov e Ruslan Boshirov afirmaram ser empresários, e não agentes do Kremlin, como sustentado por promotores e polícia britânicos.
Segundo um deles, a decisão de ir a Salisbury (sul da Inglaterra) foi tomada depois de amigos sugerirem insistentemente que eles conhecessem aquela “adorável cidade”. Mas a chuva atrapalhou a visita, que durou apenas uma hora.
Eles não negaram ter passado durante a estada pela área onde fica a casa do ex-agente Serguei Skripal e de sua filha, Iulia, encontrados desacordados em um banco de praça no dia 4 de março deste ano —data em que, de acordo com os investigadores britânicos, Petrov e Boshirov estavam em Salisbury. Mas disseram se tratar de mera coincidência, pois não conheceriam o endereço do ex-espião.
Questionado sobre a entrevista, um porta-voz da primeira-ministra Theresa May afirmou que o governo britânico tem certeza de que os dois homens são agentes da inteligência russa que usaram “uma arma química devastadoramente tóxica e ilegal” no território do Reino Unido.
“Nós pedimos repetidamente à Rússia para prestar contas sobre o que aconteceu em março em Salisbury. Hoje - como acabamos de ver - eles responderam com ocultação e mentiras”. O porta-voz disse ainda que a entrevista é "um insulto à inteligência do público".
Exames toxicológicos mostrariam que pai e filha haviam sido contaminados pelo agente nervoso Novitchok, de fabricação soviética.
Na quarta (12), uma semana depois de os britânicos anunciarem a identidade dos suspeitos de envenenar a família Skripal, o presidente russo Vladimir Putin afirmou que eles haviam sido encontrados e que eram “civis, não criminosos”.
O incidente de março passado criou uma fissura nas relações bilaterais entre Londres e Moscou, com expulsões recíprocas de levas de diplomatas e fechamento forçado de representações.
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