Entenda as investigações do suposto envolvimento da Rússia na eleição de Trump em 2016

EUA investigam se Moscou levantou informações prejudiciais sobre Hillary

São Paulo

O ex-advogado de Donald Trump, Michael Cohen, se declarou culpado nesta quinta (29) de ter prestado declarações falsas ao Congresso no âmbito das investigações sobre a interferência da Rússia e nas eleições de 2016.

Cohen é um dos doze suspeitos indiciados ou condenados pelo caso, que começou com o vazamento de emails ligados à campanha da democrata Hillary Clinton, em 2016, no que seria um esforço russo para favorecer a campanha de Trump.

Michael Cohen, ex-advogado do presidente Donald Trump, deixa Corte Federal após se declarar culpado por mentir nas investigações - Andrew Kelly/Reuters

Entenda o caso

 

Como tudo começou?

Em julho de 2016, dezenas de milhares de emails de integrantes do Comitê Democrata Nacional e funcionários ligados à campanha presidencial de Hillary Clinton foram vazados. A investigação da CIA sobre o caso concluiu que a ação estava ligada ao governo russo e foi uma estratégia para ajudar o republicano Donald Trump a garantir sua vitória na disputa 

O que está sob investigação?

O Departamento de Justiça afirma que a Rússia elaborou um plano sofisticado baseado em uma “guerra de informações” para prejudicar Hillary e ajudar Trump. Entre as ações investigadas estão o vazamento dos emails dos democratas, encontros secretos de integrantes da campanha de Trump com russos para pegar informações que poderiam incriminar sua rival e negócios do conglomerado Trump com a Rússia

Quem cuida da investigação?

Robert Mueller foi nomeado procurador especial para supervisionar o caso

Quem foi acusado?

Michael Cohen, 51 (declarou-se culpado e fez acordo para delação)

O ex-advogado de Trump se declarou culpado nesta quinta-feira (29) de mentir em seu depoimento ao Congresso no ano passado. Ele teria minimizado a extensão de seu contato com o Kremlin e seus esforços de fechar um acordo para construir uma Trump Tower em Moscou durante as eleições de 2016, de acordo com o The New York Times. Cohen já havia se declarado culpado de oito acusações criminais em agosto, entre elas de violação de regras de financiamento de campanha, evasão fiscal e fraude bancária. Admitiu que pagou pelo silêncio da ex-atriz pornô Stormy Daniels e da ex-modelo da Playboy Karen McDougal durante a campanha de 2016 a mando de Trump para “influenciar as eleições”. Elas alegam ter tido casos extraconjugais com Trump; ele nega

Paul Manafort, 68 (declarou-se culpado, fez acordo para delação, mas mentiu aos investigadores)

O ex-chefe da campanha presidencial de Trump participou, junto do filho mais velho e do genro de Trump, da reunião realizada em junho de 2016 na Trump Tower com uma advogada russa que teria em mãos informações comprometedoras sobre Hillary Clinton que poderiam influenciar as eleições. Ele está preso desde junho por acusação de tentar interferir no depoimento de duas testemunhas do caso. Em setembro, ele decidiu cooperar com as investigações de Mueller e se declarou culpado de conspiração contra os EUA e de obstrução da Justiça. No entanto, nesta segunda (26), os procuradores do caso afirmaram que Manafort mentiu para a polícia após a assinatura do acordo

Richard Gates, 45 (declarou-se culpado e teria fechado acordo de delação)

Um dos integrantes da equipe de campanha de Trump, Gates foi indiciado em outubro de 2017 por uma lista de acusações que inclui conspiração contra os EUA, falso testemunho e evasão fiscal. Ele era o braço direito de Manafort e também estaria envolvido nos pagamentos suspeitos de empresas na Ucrânia e na Europa ocidental. Não há confirmação de que ele participe do esquema de delação premiada, mas ele teve boa parte das acusações de fraude bancária e fiscal retiradas pouco depois de se declarar culpado, em fevereiro, das acusações de conspiração.

Michael Flynn (declarou-se culpado)

O ex-conselheiro de segurança nacional de Trump se declarou culpado de uma acusação de menor para o FBI sobre conversas que teve com o embaixador russo em Washington nas quais teria discutido as sanções americanas à Rússia no fim de 2016

George Papadopoulos (declarou-se culpado e foi sentenciado à prisão)

Ex-conselheiro de política externa da campanha republicana, Papadopoulos tentou organizar diversos encontros entre integrantes da campanha de Trump e autoridades russas, incluindo do próprio candidato republicano com o presidente russo, Vladimir Putin. Ele se declarou culpado em 2017 por falso testemunho ao FBI sobre suas reais conexões com autoridades russas, incluindo um professor que disse a ele que os russos tinham informações prejudiciais sobre Hillary. Foi sentenciado em setembro a 14 dias de prisão, 200 horas de serviço comunitário e uma multa de US$ 9.500

Alex van der Zwaan (declarou-se culpado e foi sentenciado à prisão)

O advogado, que já trabalhou com Manafort e Gates, se declarou culpado em fevereiro por mentir aos investigadores sobre contatos com integrantes da campanha de Trump. Van der Zwaan, genro de um dos homens mais ricos da Rússia, foi sentenciado a 30 dias de prisão e multa de US$ 20 mil em abril deste ano

Richard Pinedo (sentenciado à prisão)

Acusado de criar, comprar e roubar contas bancárias e vendê-las aos russos que estariam tentando influenciar a campanha presidencial, ele se declarou culpado em fevereiro. O advogado de Pinedo diz que ele não sabia que as contas seriam destinadas a russos. Fontes com conhecimento do indiciamento dizem que ele ajudou russos a lavar dinheiro, comprar anúncios no Facebook e pagar por material para comícios eleitorais. Ele foi sentenciado em outubro a seis meses de prisão e outros seis meses de prisão domiciliar

Samuel Patten, 47 (declarou-se culpado e fez acordo de cooperação)

O americano é parceiro comercial de um cidadão russo acusado por Mueller de ligações com a inteligência russa. Ele se declarou culpado de lobby não oficializado para um partido político pró-Kremlin na ucrânia. Ele é um dos que aceitou cooperar com as investigações.

Konstantin Kilimnik (acusado)

Assessor de Manafort na Ucrânia com laços com a inteligência russa, ele foi acusado em junho de tentar influenciar testemunhas no caso de lobby para um partido pró-Rússia na Ucrânia

Russos (indiciados)

Um júri federal indiciou 13 russos e três instituições russas sob acusação de interferir nas eleições presidenciais de 2016. O Departamento de Justiça indiciou 12 agentes de inteligência russos por hackear comitês democratas e a campanha de Hillary

Trump é um dos suspeitos?

Mueller disse aos advogados de Trump em março passado, segundo o Washington Post, que continua a investigar o presidente, mas não o considera um alvo direto da operação até o momento.

O que Trump alega?

O presidente nega as acusações e já declarou estar ansioso para prestar depoimento a Mueller. Trump demitiu o diretor do FBI James Comey em maio do ano passado, menos de dois meses depois dele anunciar uma investigação da agência federal sobre os laços entre a Rússia e a campanha do republicano. Sob a gestão Trump, o Tesouro anunciou sanções a 19 russos e cinco entidades russas em março passado por suspeitas de interferir nas eleições de 2016 e nos ataques cibernéticos contra os democratas

​Fontes: Reuters, New York Times, Fox News, Washington Post

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