Ucrânia diz que Argentina proibiu cartaz contra Rússia durante o G20

Vice-ministra tenta chamar a atenção de líderes após russos apreenderem embarcações ucranianas

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Buenos Aires

A primeira vice-ministra de informação da Ucrânia, Emine Dzhaparova, disse na manhã desta quinta-feira (29) em entrevista coletiva que a Argentina proibiu a exibição, durante a reunião do G20, de um cartaz de campanha do governo ucraniano que simboliza os efeitos das agressões da Rússia contra seu país. O cartaz mostra um mapa da Ucrânia com a Crimeia dividida e sangrando.

"Eu vivia na Crimeia e minha família ainda está lá, e o que contam hoje sobre o nível de censura e de opressão em que vivem é assustador, corresponde ao de um ambiente de guerra e exceção constante", afirmou Dzhaparova sobre a situação na região, mais de quatro anos após a anexação do território pela Rússia.

Cartaz de campanha da Ucrânia contra a Rússia é mostrado em Buenos Aires
Cartaz de campanha da Ucrânia contra a Rússia é mostrado em Buenos Aires - Sylvia Colombo/Folhapress

A vice-ministra disse que sua presença no G20 tem como objetivo chamar a atenção dos líderes para pedir a liberação dos 24 marinheiros ucranianos detidos junto com as três embarcações apreendidas pelos russos no estreito de Kertch.

"Eles não estavam violando nenhuma lei internacional. [O presidente russo Vladimir] Putin diz que foi uma reação a uma provocação do governo ucraniano, mas isso é uma mentira."

No domingo (25), a patrulha de fronteira da Rússia capturou dois navios pequenos de guerra e um rebocador ucranianos, que vinham do mar Negro e tentavam entrar no mar de Azov pelo estreito de Kertch —território compartilhado entre os dois países. 

Moscou, que acusa as embarcações de terem entrado ilegalmente nas águas territoriais russas da Crimeia anexada, abriu fogo contra os navios e feriu alguns tripulantes. Kiev, por sua vez, diz que as embarcações avisaram que passariam pelo local e acusa a Rússia de agressão militar.

Putin afirmou na quarta-feira (28) que as forças navais russas cumpriram seu dever ao apreender os barcos ucranianos. Segundo o governo Putin, os navios ucranianos ignoraram um alerta da Marinha russa para que não entrassem em águas da Crimeia.

O episódio provocou uma escalada de tensão entre os dois países e levou a Ucrânia a decretar lei marcial nas regiões de fronteira com a Rússia e seus aliados.

Dzhaparova disse que a situação tem piorado desde o início da ocupação da Crimeia. "Tentamos recuperar as terras por meio da diplomacia, mas a Rússia tomou uma atitude agressiva desde o começo. Uma atitude que a princípio não entendemos, porque a Rússia costumava cuidar de nossa proteção."

Por meio da campanha, Dzhaparova disse que o governo ucraniano quer que os líderes internacionais presentes no G20 pressionem Vladimir Putin a explicar "por que a agressão continua e por que a Rússia está mentindo continuamente."

Segundo números do governo ucraniano, desde 2014 mais de 10 mil pessoas morreram nos conflitos entre forças ucranianas e rebeldes separatistas pró-Rússia, sendo 3.000 civis e 600 crianças. "Além disso, todos os dias há tiroteios, a população segue assustada".

Indagada sobre o referendo de 2014, Dzhaparova disse que foi "uma grande mentira, as pessoas votaram sob ameaça".

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