Descrição de chapéu Coreia do Norte

Kim Jong-un aparece em retrato oficial pela primeira vez

Exibição de quadro indica nova fase do governo da Coreia do Norte, dizem analistas

 Retratos de Kim Jong-un e de Miguel Díaz-Canel exibidos durante encontro em Pyongyang em 4.nov.2018

Retratos de Miguel Díaz-Canel e de Kim Jong-un exibidos em Pyongyang Reprodução/KCNA

Seul | AFP

Pela primeira vez, a Coreia do Norte exibiu em público um enorme retrato de Kim Jong-un, durante um evento de recepção a Miguel Díaz-Canel, líder da ditadura de Cuba, no domingo (4). Para analistas, trata-se de um movimento que pode elevar o culto à personalidade do jovem ditador e marcar uma nova etapa de seu governo.

Retratos idealizados do avô e do pai do atual líder são onipresentes em todo o país. Eles estão nas paredes de todas as casas, escritórios e salas de aula. As imagens dos dois homens são exibidas também em forma de mosaicos e estátuas, presentes em todas as vilas e cidades.

Embora imagens do atual líder sejam mostradas diariamente pela mídia estatal —única autorizada no país, ele não é retratado na sociedade com a mesma onipresença de seus antecessores, e não há nenhuma estátua dele no país. 

Miguel Díaz-Canel, líder de Cuba, e Kim Jong-un durante encontro em Pyongyang - 5.nov.2018/KCNA/AFP

Isso pode ter começado a mudar, dizem analistas, depois da visita do cubano Díaz-Canel. Quando Kim o encontrou no aeroporto de Pyongyang, retratos gigantes dos dois líderes foram expostos ao ar livre, como mostram imagens exibidas pela TV estatal. Kim foi retratado de óculos, com um sorriso aberto e terno e gravata de estilo ocidental.

"É a primeira vez que um retrato como esse é exibido em um espaço público", disse Cho Han-bum, analista do Instituto para a Unificação Nacional, sediado na Coreia do Sul.

Imagens da TV norte-coreana mostraram anteriormente um retrato de Kim dentro da sede do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte, ao lado de uma imagem do presidente chinês Xi Jinping, durante uma visita em abril. 

No entanto, Cho disse que a exibição pública indica que o ditador parece entrar em uma "segunda fase" de sua liderança, a qual se concentraria em fortalecer sua autoridade política e seu carisma. "Essa etapa focará em solidificar o culto à pessoa de Kim e o retrato pode ser visto como parte desses movimentos", analisa. 

Kim é o terceiro membro da família a comandar a Coreia do Norte. Ele tomou posse em 2011, quando ainda tinha menos de 30 anos. Na época, ele era considerado inexperiente, vulnerável e propenso a ser manipulado por integrantes mais velhos do governo, mas depois ele estabeleceu sua autoridade no país por meio de duras perseguições aos potenciais rivais.

Neste ano, Kim fez sua estreia em eventos internacionais ao se reunir com líderes da China e da Coreia do Sul e também ao participar de um histórico encontro com Donald Trump, presidente dos EUA, o primeiro entre líderes dos dois países. 

Símbolos e imagens são cruciais para o regime de Pyongyang,  segundo Yang Moo-jin, professor da Universidade de Estudos Norte-Coreanos, em Seul. "Retratos, slogans e pôsteres estão no cerne da mensagem de um país socialista", explica. 

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