O presidente dos EUA, Donald Trump, voltou a sugerir nesta segunda (12) que houve fraude nas eleições da Flórida e se opôs à recontagem de votos no estado, iniciada no domingo (11), sem, no entanto, apresentar provas que comprovem as acusações.
Ele afirmou em uma rede social que os candidatos republicanos Rick Scott e Ron DeSantis, que venceram por margens apertadas as corridas para o Senado e o governo do estado, deveriam ser declarados vencedores, já que "grandes números de novos votos apareceram do nada" e que "muitas cédulas estão faltando ou foram forjadas".
A mensagem é semelhante à que escreveu na última sexta (9), quando acusou funcionários eleitorais de terem "achado vários votos" na apuração que reduziram a diferença entre Scott e seu oponente. "Por que eles nunca acham votos republicanos?", questionou.
Os resultados estão sob análise após os republicanos vencerem por diferença de menos de 0,5 ponto percentual.
O episódio ecoa o que ocorreu no pleito presidencial de 2000, quando George W. Bush venceu o democrata Al Gore após uma longa espera pelos resultados do estado.
A recontagem, que envolve a revisão de cédulas de votação por máquinas, deve terminar até quinta (15). Os votos podem passar ainda por análise manual caso a diferença permaneça igual ou inferior a 0,25 ponto percentual.
Os resultados levaram a uma batalha entre republicanos e democratas. Os correligionários de Trump insistem no discurso de fraude. Seus opositores tentam conseguir uma vitória suada em um estado-chave para a eleição presidencial de 2020.
Scott pediu no domingo a um juiz do condado de Broward para que todas as máquinas de votação e cédulas do local que não estivessem em uso na recontagem fossem apreendidas. O pedido foi negado nesta segunda pelo magistrado, que afirmou não ter detectado indícios de fraude.
A campanha do republicano também entrou com uma ação semelhante para apreender equipamentos de votação do condado de Palm Beach, mas ainda não houve uma decisão sobre o caso.
Em resposta às acusações de irregularidades, o senador Bill Nelson, adversário de Scott, afirmou que há zero evidência de que democratas estejam tentando roubar as eleições. "O que estamos tentando fazer é garantir que cada voto legítimo seja contado."
O Comitê Nacional Democrata e a organização progressista VoteVets pediram a um juiz federal para que todos os votos enviados por correio no dia da votação, e não apenas aqueles que chegaram até as 19h, fossem considerados na recontagem.
Segundo a ação, cerca de 875 mil dos 3,5 milhões de votos por correio não foram contabilizados porque chegaram depois do prazo. As entidades alegam que os eleitores não têm controle sobre o atraso na entrega dos correios e que ignorar essas cédulas representaria um ataque ao direito fundamental ao voto.
O jogo poderia virar no estado, caso a demanda fosse acatada. Não faria diferença, contudo, na composição do Senado, que continua sob o controle dos republicanos após as eleições de 6 de novembro —eles ficaram com 53 das 100 cadeiras.
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