Israel dissolve Parlamento e dá início a corrida eleitoral

Medida foi apoiada pela coalização do premiê Binyamin Netanyahu, após baixas no governo e suspeitas de corrupção

Binyamin Netanyahu anuncia em discurso antecipação das eleições para abril
Binyamin Netanyahu anuncia em discurso antecipação das eleições para abril - Marc Sellem/AFP
Jerusalém | AFP

O Knesset (Parlamento) de Israel foi dissolvido nesta quarta-feira (26).

A decisão foi tomada com a aprovação (102 a favor e 2 contra), após duas sessões, do projeto de lei defendido pelo primeiro-ministro Binyamin  Netanyahu, o qual antecipa as eleições de novembro para abril de 2019.

Para que a campanha visando as eleições pudesse ter início, era necessário dissolver o Knesset.

A lei entra em vigor imediatamente. Assim, sem o Parlamento, o governo se mantém no poder, mas não pode tomar decisões que precisem de aprovação, como a votação de novas leis.

A intensa movimentação política em Israel ocorre às vésperas da visita histórica de Netanyahu ao Brasil. Na última segunda (24), ele anunciou a dissolução imediata da coalizão de seu governo e a convocação de eleições gerais em Israel.

O estopim para a convocação foi a saída da coalizão, em novembro, do partido de ultradireta Israel Nossa Casa, do ex-ministro da Defesa Avigdor Lieberman. Sem os seis parlamentares do partido, a coalizão de Netanyahu foi reduzida a 61 das 120 cadeiras do Knesset, uma maioria frágil para a aprovação de leis.

A fragilidade ficou evidente nos últimos tempos com a derrota na tentativa de aprovar projeto de lei para o recrutamento de judeus ultraortodoxos para o Exército.

Boa parte dos analistas políticos afirmava que Netanyahu não chegaria ao final de seu mandato, em novembro, por causa dos problemas que enfrenta dentro de sua coalizão e das investigações por corrupção que podem levar a um indiciamento.

O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu (centro), durante a votação que dissolveu o Parlamento visando as eleições em abril
O premiê de Israel, Binyamin Netanyahu (centro), durante a votação que dissolveu o Parlamento visando as eleições em abril - Menahem Kahana/AFP

A dissolução do governo também leva em conta o possível indiciamento do premiê em quatro casos de corrupção.

O procurador-geral, Avichai Mandelblit, estava prestes a se pronunciar a respeito de quatro caso de corrupção envolvendo o governo. Embora as investigações prossigam, ele agora precisará aguardar o pleito para evitar influenciar o processo democrático. 

“Todos entendem que poderíamos ter indiciamento a qualquer momento”, disse a analista política Dana Weiss.

Netanyahu, 69, é premiê há uma década, mas, ao todo, já governou o país por 13 anos —de 1996 a 1999, e desde 2009—, tornando-se o premiê com mais tempo no cargo no país. 

Até abril, a política israelense deve experimentar uma radicalização do embate entre governo e oposição. 
Netanyahu é o favorito para reeleição, segundo todas as pesquisas de opinião, mantendo o patamar de 30 assentos no Parlamento para seu partido, o Likud.

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