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Necessidade de ajuda humanitária impulsiona protestos na Venezuela

Moradores sofrem com falta de acesso a remédios e a insumos médicos

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Estudantes universitários protestam em Caracas e pedem a abertura de um canal humanitário - Luis Robayo/AFP
Caracas

“Cada dia é chave para a Venezuela. Cada dia é chave para salvar vidas. Estou disposto a fazer o que for preciso para que a ajuda humanitária ingresse de imediato”, disse o líder opositor Juan Guaidó em ato no Hospital Universitário, um dos principais centros médicos de Caracas, na quarta (30).

Simultaneamente, centenas de cidadãos se reuniram em vários centros assistenciais e outros lugares do país para pedir a liberação da vinda de ajuda humanitária à Venezuela, que sofre uma forte crise econômica e social desde 2014. 

Depois de conversar com médicos, enfermeiras e pacientes, Guaidó reiterou que é prioridade agilizar trâmites com países e ONGs que ofereceram ajuda, para que possam entregar o que prometeram.

O ditador Nicolás Maduro teme que a chegada de ajuda humanitária possa abrir as portas para uma intervenção militar americana.

No hospital infantil J.M. de Rios, médicos e estudantes se juntaram às mães de crianças e outros manifestantes para pedir que seja liberada a entrada de remédios e insumos.

A estudante Daniela Liendo, presidente do centro de estudantes de medicina da Universidade Central, foi protestar por ter medo de chegar em casa “e não poder salvar minha mãe por falta de um remédio. Esse medo é maior do que o de ir para a rua”.

Para Daniela, a crise de saúde no país já dura tempo demais. “Com essa ajuda humanitária, poderemos sobreviver ao que está passando. Já chega de crianças morrendo de fome e de desnutrição”.

Marisela Sánchez está com a filha internada devido a uma anemia hemolítica, doença na qual os glóbulos vermelhos duram pouco tempo, numa velocidade em que não são repostos pela medula óssea.

“Minha filha começou a sangrar na escola. Fizemos exames e diagnosticaram essa doença. Ela precisa de transfusões de sangue para poder sobreviver, mas quando cheguei ao hospital me disseram que não havia sangue, e que só poderiam aplicar vitamina K. Como é possível que não haja sangue para transfusão em um hospital?”, se perguntava a mãe. Para ela, a única opção para resolver os problemas venezuelanos é “que Maduro saia”.

Enquanto isso, resta a Marisela pedir licenças no trabalho para cuidar da filha e buscar dinheiro para pagar os remédios necessários. “Às vezes a gente se sente sem esperança, mas é minha filha quem está lutando, e eu tenho de lutar com ela”, disse.

Na zona leste de Caracas, o pedido mais repetido foi a saída de Maduro, chamado de “usurpador”. Na praça Altamira, um dos principais pontos de manifestação na cidade, Arnaldo Rodríguez afirmou que se deve apoiar todas as formas possíveis “para recuperar a alegria de ser venezuelano. Isso envolve muitas coisas, mas a mais importante é a volta da democracia como a conhecemos”.

Rodríguez considera que o movimento nas ruas “não está imposto por ninguém. É uma volta à felicidade que as pessoas querem ter. E a comunidade internacional entendeu o perigo que o governo Maduro traz para a região”.

A aposentada Yolanda Cangas resumiu a agenda que impulsiona Guaidó: “Queremos eleições livres, fim da usurpação e um novo presidente que seja democrata”.

A oposição planeja uma nova manifestação para o sábado (2), que deve ter como foco estimular a União Europeia a cumprir o ultimato dado a Maduro para que o ditador convoque novas eleições. Caso contrário, o bloco prometeu reconhecer Guaidó como presidente interino.

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