O anúncio do novo embaixador do Brasil nos Estados Unidos é esperado para acontecer durante a visita do presidente Jair Bolsonaro a Washington, na próxima semana, e dois nomes despontam na lista para substituir o atual ocupante doo posto, Sérgio Amaral.
O mais cotado é o diplomata Nestor Forster, defendido pelo chanceler Ernesto Araújo e amigo do guru ideológico do governo, Olavo de Carvalho.
Mas o consultor e advogado Murillo de Aragão, da Arko Advice, ganhou força nos últimos dias, principalmente pelo bom trânsito que tem entre a ala militar do Planalto —bastante influente junto ao presidente.
A ideia inicial de Bolsonaro era fazer um anúncio cruzado durante sua visita ao presidente americano, Donald Trump. O líder brasileiro divulgaria a escolha de seu novo embaixador ao mesmo tempo em que a Casa Branca nomearia o americano designado para o Brasil.
A embaixada americana é chefiada por um embaixador interino desde que Michael McKinley deixou o posto no meio de 2018 para assumir como assessor especial do secretário de Estado, Mike Pompeo.
Integrantes do governo americano, porém, afirmam que ainda não há consenso sobre o nome para a embaixada dos EUA no Brasil e, portanto, talvez não seja possível fazer o anúncio durante a viagem de Bolsonaro à capital americana.
Integrantes do Planalto afirmam que a decisão sobre a data do anúncio e o nome do novo embaixador cabe ao presidente.
As apostas sobre Aragão estavam mais fortes até a semana passada. Quem o defende afirma que, com acesso a investidores e empresários, ele pode ajudar na busca por investimentos no país. Aragão é visto como a pessoa mais capacitada para explicar as reformas econômicas aos investidores estrangeiros.
Os críticos de sua nomeação, por sua vez, dizem que sua empresa tem negócios nos EUA e isso poderia trazer conflitos de interesse.
No Itamaraty, a preferência é por alguém da carreira diplomática, o que não é o caso de Aragão.
Com a aproximação da viagem de Bolsonaro aos EUA, o nome de Forster voltou a ganhar destaque.
Ele tem ajudado na preparação da agenda e foi responsável, junto com Araújo, pela lista de convidados da “Santa Ceia” da direita que receberá o presidente brasileiro na primeira noite em Washington, como mostrou a Folha.
A presença do ex-estrategista de Trump Steve Bannon entre os convidados do jantar de Bolsonaro alarmou auxiliares do presidente americano. Bannon hoje não é benquisto no governo Trump.
Amigo de Olavo de Carvalho, Forster apresentou Araújo ao escritor. Ele era cotado para ser chefe de gabinete do chanceler e sua nomeação chegou a sair no Diário Oficial da União, mas depois foi revista, o que aumentou a expectativa de que venha a ser escolhido como embaixador.
No entanto, Forster ainda é ministro de segunda classe na carreira diplomática —é necessário que seja promovido a ministro de primeira classe para que possa apresentar credenciais e se tornar embaixador.
Ele já entrou no chamado quadro de acesso, em que figuram os diplomatas que receberão a promoção, mas só poderá efetivamente se tornar ministro de primeira classe em maio ou junho.
Existe ainda uma opção menos provável: uma escolha técnica, algum embaixador ou embaixador aposentado, pois isso eliminaria o problema da necessidade de promoção. No entanto, estaria difícil achar alguém com as credenciais antiglobalistas exigidas pelo chanceler e por Eduardo Bolsonaro.
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