O governo de Daniel Ortega e a oposição deram por encerradas na quarta-feira (3) as negociações que pretendiam superar a crise política que afeta a Nicarágua há quase um ano. Os diálogos, que haviam começado em 27 de fevereiro, terminaram sem que as partes alcançassem consenso em temas cruciais.
Protestos contra o governo estouraram em abril de 2018, deixando mais de 325 mortos, 700 detidos e milhares de exilados em países vizinhos. O estopim foi a tentativa do ditador Daniel Ortega de realizar uma reforma previdenciária.
Terminadas as negociações, duas questões ficaram sem solução: a justiça para vítimas da violência durante os protestos e as reformas democráticas, que englobam modificações no sistema eleitoral e uma possível antecipação das eleições de 2021, a pedido da oposição.
"Venceu o prazo estabelecido sem se encontrar um consenso nesses pontos, que são indispensáveis para obter resultados que nos permitam superar a profunda crise no país", afirmou o principal negociador da oposição, o ex-diplomata Carlos Tünnerman.
Tünnerman disse que as partes "têm total divergência" sobre os temas e decidiram "fazer consultas até que consigam condições que permitam retomar o debate".
Contudo, a negociação alcançou acordos parciais para a libertação de detidos durante os protestos e para o fortalecimento de garantias, como o direito à mobilização, destacou o opositor.
A opositora Aliança Cívica pela Justiça e a Democracia (ACJD) afirmou que concentrará seu trabalho em lutar para o cumprimento dos acordos alcançados, o que é responsabilidade do governo.
O bloco opositor também deixou aberta a possibilidade de reabertura das negociações com a presença de mediadores internacionais, com uma "discussão profunda dos temas de justiça e antecipação das eleições".
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