Descrição de chapéu Brexit

Conversas entre governo e oposição sobre brexit entram em colapso

Líderes não conseguem romper impasse sobre manter ou não o Reino Unido em uma união aduaneira com o continente

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Paris

Entraram em colapso nesta sexta-feira (17) as negociações entre os partidos Conservador (governo) e Trabalhista (oposição) para tentar resolver o impasse em torno da saída britânica da União Europeia (UE).

As discussões "foram o mais longe possível", anunciou o líder trabalhista, Jeremy Corbyn, em carta direcionada à primeira-ministra Theresa May. "Ficou claro que, apesar de haver itens em que concessões foram feitas, não fomos capazes de superar diferenças políticas importantes."

O líder trabalhista disse também que a “fraqueza crescente e a instabilidade” do governo May deixavam a oposição pouco confiante em relação à concretização daquilo que viesse a ser acordado entre as partes.

May respondeu atribuindo o fracasso a uma "falta de posição comum" dos trabalhistas. "Não sabem se querem concretizar o brexit ou organizar um segundo referendo para impedi-lo".

O colapso aconteceu horas depois de May concordar, em reunião com correligionários na quinta-feira (16), em apresentar um cronograma para a eleição de um(a) novo(a) líder  –ou seja, para a saída dela do posto.

A primeira-ministra Theresa May, ao deixar sede do governo, em Londres - Ben Stansall - 15.mai.2019/AFP

Depois de o acordo negociado com a UE por May ser rejeitado três vezes pelo Parlamento desde janeiro e de o Dia D do brexit ser adiado outras duas, as principais forças políticas do Reino Unido tinham aceitado conversar formalmente para buscar uma solução consensual.

Desde o começo das tratativas, em abril, o pomo da discórdia vinha sendo a proposta dos trabalhistas de manter o país em uma união aduaneira permanente com o bloco europeu, mesmo após a separação.

A ideia era (e continua sendo) rechaçada por May e por seus correligionários, que veem no brexit a oportunidade de Londres desenvolver uma política comercial própria, descolada dos interesses e restrições da Europa –os membros da EU não podem negociar acordos comerciais em nível nacional, só dentro do consórcio.

Algumas figuras de proa do campo conservador afirmaram, nos últimos dias, que um(a) eventual substituto(a) de May no comando partidário poderia ignorar o teor das negociações com os trabalhistas, jogando fora semanas de diálogo bilateral.

O cronograma para a saída de May deve ser conhecido logo após ela submeter ao Parlamento pela quarta vez um roteiro para o adeus britânico à Europa. Não há indício até aqui de que o resultado da votação vá ser diferente do observado nas tentativas anteriores.

A imprensa britânica informou, na manhã desta sexta, que o governo deve pautar para a semana que vem nova rodada de votos indicativos no Legislativo, para medir a receptividade dos deputados a diferentes formatações do brexit.

Porém, as duas baterias de consultas informais ao Parlamento realizadas até aqui não renderam frutos –na última, em março, o plenário conseguiu a proeza de rejeitar oito proposições.

Em 11 de abril deste ano, a EU aceitou adiar pela segunda vez o Dia D do brexit. Os britânicos têm agora até 31 de outubro para definir os termos de sua saída.

A ideia de May, entretanto, continua sendo a de tirar o Reino Unido do consórcio bem antes disso —se possível, até a posse do novo Parlamento Europeu, em 2 de julho, para o qual Londres elege a contragosto, em 23 de maio, 73 representantes.

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