Líderes europeus iniciam negociações para definir novo comando da UE

Eleição teve avanço de partidos eurocéticos no Parlamento do bloco

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Bruxelas

Partidos e dirigentes europeus se preparam, a partir desta segunda-feira (27), para disputar os altos cargos do bloco, após eleições ao Parlamento Europeu que confirmaram o fim do bipartidarismo e um avanço contido dos eurocéticos.

Os eleitores concederam ao Partido Popular Europeu (PPE, conservador) uma vitória com 180 dos 751 assentos em jogo. O resultado, porém, está longe da maioria, que não poderá ser alcançada apenas com seu aliado tradicional, os social-democratas (146).

O presidente francês, Emmanuel Macron, e a chanceler alemã, Angela Merkel, durante encontro na Romênia
O presidente francês, Emmanuel Macron, e a chanceler alemã, Angela Merkel, durante encontro na Romênia - Ludovic Marin - 9.mai.19/Reuters

"Nenhuma família política é forte o suficiente para impor seu candidato", explicou à agência de notícias AFP Sébastien Maillard, do Instituto Jacques Delors, para quem "o jogo está aberto".

As discussões se anunciam complexas. Os chefes de Estado e de governo dos 28 países, que se reúnem na terça-feira (28) para uma primeira discussão com base nos resultados, já iniciaram seus contatos para decidir quem vai liderar a UE pelos próximos cinco anos.

O presidente francês, o liberal Emmanuel Macron, deve jantar na noite desta segunda-feira com o primeiro-ministro espanhol, o socialista Pedro Sánchez, depois de ter conversado no domingo com a chanceler alemã, a conservadora Angela Merkel.

O sistema de eleição do próximo titular da Comissão Europeia, a joia da coroa dos altos cargos em disputa, concentrará as primeiras discussões tanto dos líderes quanto dos partidos, o que anuncia uma queda de braço institucional.

Antes das eleições, a Eurocâmara pediu que o candidato designado pelos presidentes —e que, na sequência, deverá ser validado pelos eurodeputados— faça parte das cabeças de listas lideradas pelas diferentes "famílias" europeias no pleito.

O PPE reivindicou, assim, a presidência da Comissão para seu candidato Manfred Weber, que, por sua vez, disse esperar que o Parlamento Europeu "confirme nos próximos dias" seu compromisso com este sistema conhecido como "Spitzenkandidat".

Apesar de clamar vitória, não é fácil chegar à cúpula do Berlaymont, sede da Comissão. Após as eleições, "Weber dispõe de 48 horas para conseguir ser designado", explicou uma fonte europeia, antes da votação.

Alvo de críticas do restante dos partidos pró-europeus por manter em suas fileiras o líder populista húngaro, Viktor Orbán, o PPE deve tentar compor uma maioria com os social democratas, mas também com os liberais, terceira força, com 109 eurodeputados, ou com os Verdes.

A outra incógnita será o nível de apoio dos nove líderes do PPE que se sentam no Conselho Europeu e, especialmente, o da chanceler alemã, Angela Merkel. A expectativa é que reiterem seu apoio a Weber antes da cúpula.

"Sem seu forte apoio, não tem chance", segundo Janis Emmanouilidis, analista do European Policy Centre, lembrando que Merkel apoiou Weber durante a campanha, mas não o sistema de "Spitzenkandidat".

Se o candidato do PPE não conseguir o apoio de pelo menos 21 dos 28 presidentes do Conselho, cujos países representem pelo menos 65% da população, fracassará na tentativa de presidir a Comissão e abrirá o jogo para outros aspirantes.

O candidato social democrata Frans Timmermans, que tem como aliado no Conselho Pedro Sánchez, ou a liberal Margrethe Vestager podem jogar suas cartas, mas os líderes podem designar alguém que não seja um "Spitzenkandidat".

As forças pró-europeias terão, contudo, o caminho aberto para manter o controle dos postos que interessam na UE. Os três grupos eurocéticos, sejam populistas ou de extrema-direita, conquistaram apenas 171 vagas.

Deve ser ainda mais complicado para estes últimos se unir em torno de um único grupo e organizar uma frente comum de oposição na UE nos próximos cinco anos, apesar das vitórias da direita nacionalista na França e na Itália.

"A extrema-direita não será grande o suficiente para bloquear a legislação (...) E, considerando-se sua desunião, sempre precisará de uma das grandes forças para fazer algo", afirmou Pelle Christy, da consultoria Euraffex.

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