Nesta terça-feira (2), o governo chinês condenou os protestos em Hong Kong e a invasão do Parlamento, definidos como um "desafio escancarado" à autoridade de Pequim e à fórmula "um país, dois sistemas", sob a qual o território é governado.
Segundo a agência estatal Xinhua, um representante do escritório chinês para assuntos de Hong Kong denunciou os manifestantes e disse que Pequim apoia a responsabilização de criminosos, assim como o governo, que pediu às autoridades locais que lancem uma investigação contra "os autores da violência".
"Esses atos graves e ilegais atropelam o Estado de direito em Hong Kong, comprometem a ordem social em Hong Kong e minam os interesses fundamentais de Hong Kong", afirmou Pequim.
Em entrevista coletiva, a chefe-executiva de Hong Kong, Carrie Lam, também condenou a ocupação do Parlamento. "É algo que devemos condenar, porque o sucesso de Hong Kong se baseia em seu Estado de direito e respeito às liberdades fundamentais, incluindo a liberdade de expressão e de reunião pacífica".
Ela ainda lamentou o "uso extremo da violência" por manifestantes que ocuparam e saquearam o Parlamento, que permanecerá fechado pelas próximas duas semanas.
Nesta segunda-feira, manifestantes invadiram o Parlamento do território semi-autônomo chinês. No local, exibiram uma faixa da época colonial britânica, rasgaram fotos de líderes de Hong Kong e saquearam o prédio, deixando pichações em suas paredes.
O Parlamento local tem sido o centro das manifestações nas últimas semanas contra um projeto de lei do governo para autorizar extradições para a China continental.
Há meses, as manifestações refletem o medo da população de Hong Kong em face da crescente influência do governo chinês e do declínio das liberdades na antiga colônia.
Embora Hong Kong tenha sido transferido do Reino Unido para a China há 22 anos, o território ainda é administrado sob um acordo conhecido como "um país, dois sistemas".
Assim, os habitantes do território gozam de direitos raramente vistos na China continental, mas muitos sentem que o gigante asiático tem se afastado do acordo.
A China também lamentou o que chamou de "interferência flagrante" de Donald Trump nos assuntos internos de Hong Kong.
O presidente dos EUA disse que os manifestantes que invadiram nesta segunda-feira (1º) o Parlamento da ex-colônia britânica, devolvida à China em 1997, querem democracia.
Em uma mensagem forte, o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Geng Shuang, afirmou que os Estados Unidos não devem "apoiar de forma alguma aqueles que recorrem à violência e violam a lei".
Trump disse que os manifestantes "buscam a democracia" e que "a maioria das pessoas quer democracia" em Hong Kong. "Infelizmente, alguns governos não querem democracia", acrescentou.
Os manifestantes exigem a retirada definitiva do projeto de lei de extradição, a renúncia de Lam e o fim das ações judiciais contra opositores presos.
"Sabemos que violamos a lei, mas não tivemos outra escolha", afirmou Cheung, um publicitário de 24 anos, justificando a invasão do Parlamento.
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