Problemas de relacionamento motivam maioria de suicídios nos EUA

Dificuldade de se relacionar com outras pessoas foi apontada como causa em 42% dos casos

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Washington

A maioria dos suicídios cometidos nos EUA nas duas últimas décadas tem a arma de fogo como método e problemas de relacionamento como principal motivador.

De acordo com um relatório do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC), a dificuldade de se relacionar com outras pessoas foi apontada como causa em 42% dos episódios de 1999 a 2017. 

Alissa Harrington, irmã do fuzileiro naval Justin Miller, que se matou em 2018, visita seu túmulo
Alissa Harrington, irmã do fuzileiro naval Justin Miller, que se matou em 2018, visita seu túmulo - Jenn Ackerman-8.fev.19/ The Washington Post

Crises do passado ou que eclodiram duas semanas antes de uma pessoa decidir se matar somam 29% dos casos, enquanto 28% estão relacionados ao uso de determinas substâncias, como drogas ilícitas, remédios e álcool, e 16%, a problemas financeiros, especialmente aqueles causados pelo desemprego.

Os pesquisadores alertam para o fato de que várias circunstâncias não conhecidas ou descritas podem contribuir para o suicídio. Ponderam, no entanto, que, apesar de distúrbios mentais serem automaticamente relacionados a esse tipo de morte, mais da metade das pessoas que se suicidaram nos EUA (54%) nos últimos 18 anos não tinham transtornos diagnosticados.

Entre os norte-americanos considerados mentalmente saudáveis, 55% usaram arma de fogo para cometer suicídio. Entre os que têm um distúrbio mental detectado, 41% utilizaram esse método.

Sufocamento e envenenamento são as duas outras práticas mais recorrentes nos dois grupos, liderados por homens —que, em números absolutos, se matam mais que as mulheres no país.

A pesquisa mostra que 84% dos suicídios são cometidos por eles, e 16%, por mulheres, quando se trata do nicho que não tem um transtorno mental conhecido. Já entre aqueles que foram diagnosticados, 69% são homens, e 31%, mulheres.

Há pelo menos dez anos o suicídio está entre as dez principais causas de morte nos EUA e, de 1999 a 2017, a taxa aumentou 33% entre os americanos.

O número é o maior patamar da história desde a Segunda Guerra (1939-1945) e tem preocupado especialistas. A escalada dos casos começou em 2006, e seu crescimento pode ser observado em 49 dos 50 estados americanos e em todos os grupos da população.

Nos últimos anos, o índice de suicídios caiu apenas em Nevada, mas o decréscimo é pequeno, de 1%. Só em 2016, o número de casos chegou a 45 mil.

Apesar de haver aumento generalizado nas taxas de suicídios entre homens e mulheres de todas as idades, raças e etnias, os índices mais altos estão no intervalo de 45 a 64 anos.

Dos 36.782 homens que se mataram em 2017 nos EUA, por exemplo, 12,3 mil estavam dentro dessa faixa etária. Entre as 10.391 americanas que cometeram suicídio, cerca de 4.000 tinham de 45 a 64 anos.

Aqueles que se identificam como nativos do Alasca ou indígenas tiveram o maior aumento da taxa de suicídio entre todos os grupos pesquisados.

O índice sobe de maneira mais aguda quando se trata de mulheres, jovens e adultos de 15 a 44 anos. Os homens desse grupo viram um aumento de 71% na taxa de suicídio, enquanto as mulheres, de 139%.

Esses americanos estão entre os mais pobres e com menor índice de escolaridade do país e, segundo especialistas, são vítimas de alguns traumas históricos, como o alcoolismo entre indígenas, e da negligência do governo. Mais da metade das mulheres deste grupo relata ter sofrido violência sexual.

Como ajudar quem pensa em se suicidar

O CVV (Centro de Valorização da Vida) dá apoio emocional e preventivo ao suicídio. Se você está em busca de ajuda, ligue para 188 (ligação gratuita) ou acesse o site

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