El Chapo é condenado a prisão perpétua e pagamento de US$ 12,6 bi

Ex-líder de cartel também não poderá pedir liberdade condicional dentro de período de 30 anos

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São Paulo e Nova York | Reuters

O traficante mexicano Joaquín Guzmán, conhecido como El Chapo, foi condenado pela Justiça dos Estados Unidos nesta quinta-feira (17) à prisão perpétua e a pagar indenização de US$ 12,6 bilhões.

Guzmán, 62, não poderá pedir liberdade condicional por 30 anos. O juiz Brian Cogan, responsável pela sentença, disse que decidiu impor a maior sentença possível, pois qualquer qualidade que Guzmán possa ter foram apagadas por suas ações, que chamou de "mal esmagador". 

O valor estabelecido para o pagamento da indenização aos EUA, de US$ 12,6 bilhões (R$ 47,4 bi), corresponde a quanto El Chapo teria obtido ao vender drogas no país, segundo cálculos dos promotores. 

O chefe de cartel de drogas Joaquín 'El Chapo' Guzmán escoltado em aeroporto na Cidade do México
O chefe de cartel de drogas Joaquín 'El Chapo' Guzmán escoltado em aeroporto na Cidade do México - 8.jan.16/AFP

Guzmán foi considerado culpado por um júri em fevereiro das acusações de traficar cocaína, heroína e maconha e de participar de outros crimes, como conspiração. 

O júri ouviu 50 testemunhas trazidas pela promotoria, que revelaram detalhes do funcionamento do cartel do tráfico de drogas.

Entre as testemunhas, estavam ex-funcionários, um de seus secretários pessoais, o principal fornecedor de cocaína da Colômbia, um distribuidor americano, um assassino de seu grupo e uma amante.

Durante o julgamento, todos os níveis de governo do México foram implicados em propinas, o que inclui a Presidência da República. Uma testemunha depôs afirmando que El Chapo pagou US$ 100 milhões ao então presidente Enrique Peña Nieto o deixasse sair de seu esconderijo.

Guzmán ganhou espaço no narcotráfico nos anos 1980 ao construir túneis na fronteira entre o México e os Estados Unidos que permitiam ao seu grupo enviar drogas do México aos EUA mais rápido do que qualquer outro cartel.

No entanto, ele passou a maior parte da vida fugindo, entre esconderijos nas montanhas de Sinaloa. Escapou duas vezes de prisões de segurança máxima no México e foi capturado pela última vez em 2016, quando foi extraditado aos EUA.

Guzmán foi preso pela primeira vez em 1993, na Guatemala, mas fugiu em 2001, provavelmente após se esconder entre roupas sujas em um carro de lavanderia que saía da prisão.

El Chapo passou a década seguinte escondido em montanhas, mudando com frequência de lugar para despistar os agentes que o procuravam. De acordo com testemunhas, El Chapo investia pesadamente em escutas e equipamento de espionagem. Ele gravava obsessivamente as conversas telefônicas de sua mulher, amantes, colegas e inimigos.

O governo dos Estados Unidos usou os sistemas de espionagem de Guzmán contra ele. O técnico que havia criado um sistema protegido de telefonia para o traficante foi preso pelo FBI e resolveu colaborar com os investigadores. Ele entregou gravações de telefonemas e mensagens de Chapo aos agentes.

Em 2012, El Chapo escapou de ser preso pelo FBI e por agentes mexicanos ao fugir pela porta dos fundos de sua mansão em Los Cabos. Dois anos depois, foi capturado em um hotel em Mazatlán e preso, mas fugiu em 2015 ao escavar um túnel em sua cela. 

El Chapo adora aparecer —mesmo seus advogados admitem o fato. Ele queria dirigir um filme, e mais tarde tentou organizar uma produção com a estrela de telenovelas Kate del Castillo.

Esse contato conduziu à sua infame entrevista para a revista Rolling Stone, feita pelo ator Sean Penn. Esse encontro ajudou as autoridades a localizar seu paradeiro e a prendê-lo, em 2016. De lá, foi extraditado ao Brooklyn e levado ao julgamento atual. Ele cumpre pena em uma prisão de segurança máxima na cidade de Nova York, a cerca de 1 km do One World Trade Center.

Apesar da prisão de Guzmán, o cartel de Sinaloa segue sendo o principal fornecedor de drogas para os Estados Unidos, de acordo com o DEA, o departamento norte-americano de combate a entorpecentes. 

A defesa do traficante sustenta que ele era apenas um bode expiratório e pediu que o júri desconsiderasse os depoimentos de testemunhas que colaboravam com o governo, afirmando que mentiam para se salvar por meio de acordos com as autoridades.

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