Descrição de chapéu Governo Bolsonaro

'Ela é feia mesmo', diz Guedes sobre mulher de presidente da França

Mais tarde, em nota divulgada à imprensa, ministro pediu desculpas pela brincadeira

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Fortaleza

O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu o comentário ofensivo do presidente Jair Bolsonaro à primeira-dama francesa, Brigitte Macron.

Em evento nesta quinta-feira (5), em Fortaleza, Guedes afirmou que Bolsonaro apenas reagiu às críticas de Emmanuel Macron sobre os recentes incêndios na Amazônia.

O ministro da Economia, Paulo Guedes - Adriano Machado - 12.jun.2019/Reuters

"Estamos fazendo tudo isso na economia, mas a preocupação é se xingaram a [ex-presidente do Chile Michelle] Bachellet, se xingaram a mulher do Macron", afirmou Guedes.

"O Macron falou que estão colocando fogo na Amazônia. O presidente [Bolsonaro] devolveu, falou que a mulher do Macron é feia. O presidente falou a verdade, ela é feia mesmo. Mas não existe mulher feia, existe mulher observada do ângulo errado. E fica essa xingação", disse o ministro. 

No dia 24 de agosto, Bolsonaro endossou em uma rede social um comentário ofensivo contra a primeira-dama francesa.

Ao comentar uma publicação do mandatário brasileiro em sua página no Facebook, o seguidor Rodrigo Andreaça escreveu: "É inveja presidente do Macron pode crê (sic)".

A mensagem foi publicada junto a uma imagem, na qual se vê uma foto de Bolsonaro e de sua esposa, Michelle Bolsonaro, abaixo de um retrato do presidente francês, Emmanuel Macron, e de sua mulher, Brigitte.

Ao lado das fotos dos casais, há os dizeres: "Entende agora por que Macron persegue Bolsonaro?".

O perfil de Bolsonaro respondeu a Andreaça: "Não humilha, cara. Kkkkkkk", dando a entender que as recentes críticas de Macron ao presidente brasileiro seriam motivadas por inveja da esposa do brasileiro.

Guedes participou nesta quinta da palestra “A Nova Economia do Brasil”, promovida pelo Sistema Jangadeiro, grupo de comunicação com emissoras de TV e rádio afiliadas ao SBT e à Rede Bandeirantes.

A primeira-dama francesa, Brigitte Macron, durante a cúpula do G7, em Biarritz (França) - Thomas Samson/AFP

Depois do evento, em entrevista coletiva, o ministro retomou o tema sugerindo que sua fala havia sido uma brincadeira. "O Macron quer fazer uma intervenção no Brasil porque chamaram a mulher dele de feia. Estão falando que estão queimando a Amazônia e é mentira", completou.

Horas mais tarde, na noite de quinta, porém, a assessoria do ministro divulgou nota na qual “Guedes pede desculpas pela brincadeira feita hoje em evento público em Fortaleza".

“A intenção do ministro foi ilustrar que questões relevantes e urgentes para país não têm o espaço que deveriam no debate público. Não houve qualquer intenção de proferir ofensas pessoais.”

Na semana passada, a primeira-dama agradeceu o apoio que recebeu de brasileiros em relação ao episódio.

"Apenas queria dizer, já que vejo que há câmeras, duas palavras para os brasileiros e as brasileiras, em português: 'Muito obrigada!' Muito, muito obrigada a todos que me apoiaram", afirmou ela durante visita ao norte da França.
 
O episódio se soma às desavenças com o governo francês deflagradas nos últimos dois meses. Em julho, Bolsonaro cancelou em cima da hora uma reunião com o chanceler da França, Jean-Yves Le Drian. Em seguida fez uma live cortando o cabelo no horário em que estaria reunido com o diplomata.

A declaração do presidente sobre Brigitte piorou ainda mais as relações franco-brasileiras, acirradas após Macron tomar a dianteira da reação internacional sobre as queimadas na Amazônia.

A troca de acusações entre eles levou à mais séria crise diplomática entre Paris e Brasília desde a década de 1960, na opinião de diplomatas europeus e brasileiros ouvidos pela Folha

Em entrevista no âmbito da cúpula do G7 (clube dos países ricos) no último mês, o chefe de Estado francês chegou a afirmar que “é triste” ver ministros brasileiros insultarem líderes estrangeiros.

"É triste, mas é triste primeiro para ele [Bolsonaro] e para os brasileiros."

Na ocasião, Macron também disse esperar que “os brasileiros tenham logo um presidente que se comporte à altura” do cargo.

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