Estado Islâmico confirma morte de seu líder e nomeia novo comandante

Escolhido foi apontado como Abu Ibrahim al-Hashimi al-Quraishi, mas não se sabe seu nome real

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Washington

A organização terrorista Estado Islâmico confirmou nesta quinta-feira (31) a morte de seu líder, o autoproclamado califa Abu Bakr al-Baghdadi.

O presidente americano, Donald Trump, já havia anunciado a morte de Baghdadi em um discurso no domingo (27). Ele afirmou que o chefe terrorista morreu acuado pelas forças americanas no norte da Síria.

Por meio de seus canais na internet, o Estado Islâmico também prometeu novos ataques terroristas contra seus inimigos no exterior e anunciou um novo líder: um militante chamado Abu Ibrahim al-Hashimi al-Quraishi. Ele é uma figura por ora desconhecida.

Abu Bakr al-Baghdadi, líder do Estado Islâmico que foi morto pelos EUA - Departamento de Defesa dos Estados Unidos/Reuters

Quraishi assume o título de califa —termo que, na tradição islâmica, indica o sucessor do profeta Maomé no comando dos muçulmanos. 

O título, no entanto, é apenas simbólico. A instituição do califado, afinal, foi oficialmente abolida em 1924 pela Turquia. Quraishi, ademais, não é de modo algum reconhecido pela comunidade islâmica como seu líder.

Mas o título é importante dentro da narrativa do Estado Islâmico, uma facção radical baseada em uma visão ultrarreligiosa e apocalíptica. Daí a importância desse anúncio.

Não está claro, por enquanto, qual é o nome real de Quraishi. O anúncio de sua nomeação foi feito por áudio, sem imagens ou detalhes biográficos. O anonimato é uma maneira de garantir a sua segurança. 

O próprio Baghdadi passou anos no comando da facção antes de mostrar o rosto — seu nome verdadeiro era Ibrahim Awad al-Samarrai.

A escolha de codinome do novo califa, no entanto, pode ser uma importante mensagem em si. Hashim era o clã do profeta Maomé, e Quraish, sua tribo.

Alguns grupos radicais esperam que o califa descenda daquela linhagem. Baghdadi também dizia ter tal origem. Não há modo de provar tal ascendência ilustre, porém. É uma cartada retórica

Também de maneira simbólica, o porta-voz do Estado Islâmico Abu Hamza al-Quraishi descreveu o novo califa como um estudioso da lei islâmica. Essa credencial é importante para os militantes.

O próprio Baghdadi se distinguia de outros líderes radicais —incluindo Osama Bin Laden, da Al Qaeda— por ter um doutorado em teologia, algo incomum entre as facções.

Por ora, não está claro se Quraishi terá a mesma habilidade estratégica de Baghdadi, que assumiu o mando em 2010 e transformou a milícia em um dos principais atores da guerra síria.

Em especial, o antigo líder conseguiu mobilizar setores alienados no Iraque após a invasão americana de 2003 e a dissolução das estruturas do governo anterior.

Quando Baghdadi declarou o califado oficialmente em 2014, ele já controlava um extenso território espalhado pela Síria e pelo Iraque, incluindo as cidades de Mossul e de Raqqa. Ele orquestrou atentados no exterior, como aquele que deixou 131 mortos em Paris em novembro de 2015.

Até que os canais oficiais do Estado Islâmico revelem mais informações biográficas de Quraishi, o que pode levar meses ou anos, analistas terão dificuldade em julgar seu futuro impacto na facção terrorista. Militantes devem ter o mesmo problema.

Muitos deles ouviram o áudio de sete minutos na internet e declararam sua lealdade em canais terroristas subterrâneos. Isso não significa, no entanto, que eles estão prontos para migrar para territórios em guerra ou realizar atentados no exterior.

Quraishi, afinal, herda uma organização desmontada pelos anos de ataques aéreos de uma coalizão internacional. A promessa de Baghdadi era de que, com apoio divino, o Estado Islâmico conquistaria o mundo e criaria um califado universal. Algo que, afinal, não aconteceu.

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