Nada pode abalar a China, afirma Xi Jinping no 70º aniversário da revolução

Ao menos 15 mil soldados, tanques, mísseis e aviões de combate participaram de desfile

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Pequim | AFP

Pequim teve um dia de paradas militares e uma noite com fogos de artifício para celebrar os 70 anos da Revolução Comunista, nesta terça-feira (1º). O país usou a data para mostrar novos armamentos e reforçar sua imagem de potência militar.

Milhares de soldados perfeitamente alinhados marcharam ao lado de modernos mísseis, tanques e outros veículos militares, com o público mantido à certa distância. 

O líder chinês, Xi Jinping, fez uma revista às tropas e circulou em um carro com uma abertura no teto. Um quadro gigante dele também foi exibido durante a parada. 

Xi discursou na porta da Praça da Paz Celestial, mesmo local onde Mao Tse-Tung (1893-1976) proclamou a fundação da República Popular da China, em 1º de outubro de 1949. . 

"Nada pode fazer com que os pilares da nossa grande nação sejam abalados. Nada pode impedir que a nação e o povo chineses avancem", declarou.

O dirigente chinês Xi Jinping discursa na abertura das celebrações do 70º aniversário da Revolução Chinesa
O dirigente chinês Xi Jinping discursa na abertura das celebrações do 70º aniversário da Revolução Chinesa - Xinhua/Ju Peng

Ao menos 15 mil soldados, centenas de tanques, mísseis e aviões de combate foram mobilizados para o desfile. O evento foi aberto com uma salva de 70 tiros de canhão e o içamento da bandeira nacional.

Pequim apresentou o melhor de seus mísseis balísticos intercontinentais: o imenso DF-41 ("Vento do Leste-41"). De grande alcance (14 mil quilômetros), pode chegar ao território americano e ser carregado com várias ogivas nucleares (de três a dez, segundo especialistas).

A vantagem do DF-41 é que, apesar de seus 20 metros de comprimento, é móvel e pode ser escondido em qualquer lugar do país. Os mísseis balísticos nucleares da geração anterior tinham de ser lançados de pontos fixos.

"As novas armas nucleares apresentadas refletem consideráveis progressos", disse à AFP Adam Ni, especialista do Exército chinês na Universidade Macquarie, de Sydney.

"São cada vez mais móveis, resistentes, confiáveis, precisas e de alta tecnologia", afirma Ni, acrescentando que "a dissuasão nuclear da China ganha credibilidade em relação aos Estados Unidos".

Também foi apresentada uma nova versão do estratégico bombardeiro H6-N, que seria capaz de transportar armas atômicas a distâncias maiores do que seus predecessores.

Outro armamento que ganhou destaque na parada militar foi o míssil balístico mar-terra JL-2 ("onda gigante-2"), carregado em um submarino e que pode alcançar o Alasca e o oeste dos Estados Unidos.

"A China continuará mantendo um pequeno, mas eficaz arsenal nuclear. O objetivo é garantir uma dissuasão nuclear e uma resposta crível em caso de ataque de um terceiro país", diz à AFP Cui Yiliang, analista e editor da revista chinesa Xiandai Jianchuan, especialista em armamentos.

A outra estrela do desfile foi o míssil DF-17, capaz de soltar um planador hipersônico, arma capaz de voar a 7.000 km/h.

À noite, foi realizado um evento de gala na praça da Paz Celestial, no qual houve um espetáculo com fogos de artifício. 

Nas últimas semanas, a mídia chinesa foi instruída a não divulgar notícias negativas, como acidentes ou desastres naturais, e dar prioridade à "energia positiva", como o Partido Comunista costuma repetir.

Apesar dos esforços da China para criar imagens de impacto, os protestos em Hong Kong acabaram desviando a atenção internacional. 

O dia na região semi-autônoma foi marcado por grandes manifestações, com batalhas nas ruas entre policiais e manifestantes. Em um desses confrontos, um guarda disparou um tiro contra o peito de um jovem de 18 anos, à queima-roupa. 

Desde junho, Hong Kong é palco de manifestações quase diárias para exigir reformas democráticas e denunciar a crescente interferência de Pequim.

Na segunda-feira (30), em uma recepção em Pequim, Xi disse que seu país "continuará a aplicar plena e fielmente o princípio de 'um país, dois sistemas'", bem como "um alto grau de autonomia" em Hong Kong.

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