Descrição de chapéu Brexit

Pesquisa mostra ampla vitória de Boris Johnson nas eleições de dezembro

Conservador teria 68 assentos a mais no Parlamento e poderia aprovar acordo do brexit

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Londres | Reuters

O premiê do Reino Unido, Boris Johnson, está a caminho de conquistar a maioria das cadeiras do Parlamento nas eleições de 12 de dezembro.

Em pesquisa divulgada nesta quarta (26), o instituto YouGov projeta que o Partido Conservador saia do pleito com 68 assentos a mais do que possui na composição atual.

A entidade previu corretamente os resultados das eleições de 2017, convocadas pela então primeira-ministra Theresa May na tentativa de ampliar sua base no Parlamento —que ela acabou vendo reduzida de 330 a 317. São necessários 326 assentos para garantir a maioria. 

A projeção mostra que Boris só perderá as eleições se quiser. Os conservadores ficariam com 359 cadeiras, o melhor resultado do partido desde a vitória de Margareth Thatcher em 1987.

O premiê britânico, Boris Johnson - Dan Kitwood - 27.nov.2019/Reuters

Essa composição permitiria a Boris cumprir sua promessa de aprovar o acordo do brexit no Parlamento e concretizar a saída do Reino Unido da União Europeia até 31 de janeiro de 2020, prazo limite concedido pelo bloco.

Os trabalhistas conquistariam 211 assentos, de acordo com as projeções. Atualmente, têm 262. As cadeiras restantes seriam divididas entre os demais partidos. 

"Os novos votos para o Partido Conservador vêm de áreas que votaram a favor da saída da UE no referendo de 2016, enquanto a maioria dos britânicos que votariam no Partido Trabalhista vivem no norte", diz Anthony Wells, diretor de pesquisa política e social no YouGov.

Quem vencer a votação de dezembro, que estava marcada para ocorrer apenas em 2022, terá pouco mais de um mês para formar o governo, negociar com Bruxelas (sede da burocracia europeia) um novo acordo para o brexit e aprová-lo no Parlamento britânico —que já rejeitou a proposta de pacto com os europeus diversas vezes.

O modelo usado pelo instituto se vale de dados coletados em mais de 100 mil entrevistas realizadas no período de sete dias e cruzados com estatísticas demográficas e particularidades de cada distrito. 

A margem de erro indica que os conservadores levariam entre 328 e 385 assentos, mas ainda resta bastante tempo até 12 de dezembro para os britânicos mudarem de ideia.

Entenda a eleição no Reino Unido

Como funciona a eleição britânica? 

O Reino Unido usa um sistema distrital puro. Isso significa que o país é dividido em 650 distritos (um para cada cadeira do Parlamento), e o candidato que ganhar mais votos em cada um é eleito para representar aquela região. O mandato é de no máximo cinco anos, mas a eleição pode ser antecipada, como é o caso dessa vez --o pleito anterior foi em junho de 2017.

Por que as eleições foram convocadas?

Brexit, brexit e brexit. A vida política do país está paralisada por causa das indefinições sobre a saída do país da União Europeia e a nova eleição é uma tentativa de resolver o impasse. Os conservadores devem ter como mote de campanha a aprovação do atual acordo de saída e a realização do brexit em 31 de janeiro de 2020. Os trabalhistas vão defender que é hora de assumirem as negociações, provavelmente apoiando a convocação de um referendo para definir o assunto. Já os liberais-democratas defendem a revogação do divórcio com a Europa, enquanto o Partido do Brexit, como indica o nome, quer que a saída aconteça de qualquer maneira. E o Partido Nacional Escocês ainda deve fazer campanha em defesa da independência escocesa.

Quem ganha a eleição? 

Tradicionalmente, um dos dois maiores partidos do país —o Conservador e o Trabalhista— costuma vencer a maioria das cadeiras e, portanto, tem o direito de indicar o novo primeiro-ministro. Ultimamente, porém, isso tem sido cada vez mais difícil e as duas siglas têm sido obrigadas a formam coalizões com agremiações menores para conseguirem governar. O atual governo de Boris Johnson, por exemplo, é apoiado por uma coalizão dos conservadores com o partido norte-irlandês DUP. 

Então o impasse sobre o brexit pode continuar? 

Sim. A maior parte dos analistas britânicos considera que essa será uma das eleições mais incertas da história recente do país, mas dois cenários são considerados os mais prováveis: ou os conservadores conquistam uma maioria (o que provavelmente acabaria com o impasse) ou a votação termina sem maioria (o que deve manter a indefinição atual). Uma vitória trabalhista é considerada improvável no momento, mas existe a possibilidade de um governo de coalizão entre a sigla, os liberais-democratas e os nacionalistas escoceses. 

E o que vai acontecer com Boris Johnson? 

Por enquanto, ele segue como premiê. Caso seu partido vença a eleição, ele deve permanecer no cargo, mas caso a oposição vença, caberá a ela indicar o novo primeiro-ministro —provavelmente o líder dos trabalhistas, Jeremy Corbyn. A lei estabelece ainda que o Parlamento britânico deve ser dissolvido 25 dias úteis antes da eleição, para os parlamentares terem tempo de fazerem campanha.

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