Descrição de chapéu Brexit

A 6 dias da eleição, Boris perde apoios, e diplomata renuncia por causa do brexit

Partido Conservador, no entanto, ainda lidera corrida ao Parlamento

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Londres

A seis dias das eleições no Reino Unido, cresce a pressão sobre o primeiro-ministro Boris Johnson, cujo Partido Conservador lidera as pesquisas de intenção de voto com até 11 pontos percentuais.

A diplomata britânica responsável por explicar o brexit para os Estados Unidos, Alexandra Hall Hall, renunciou hoje dizendo, em carta, que não quer mais "sustentar meias-verdades em nome de um governo no qual não confia".

Hall Hall diz que o governo de Boris tem falhado em divulgar de forma honesta os termos do acordo, até mesmo para seus próprios cidadãos.

Na carta, a diplomata afirma ainda que sua decisão não tem nada a ver com ser contra ou a favor do brexit. Ela não deu entrevistas sobre a renúncia, divulgada pela rede de TV americana CNN.

O governo britânico confirmou a saída da diplomata e os termos da carta, mas também não comentou. ​

Boris Johnson durante campanha do Partido Conservador no sudeste da Inglaterra - Peter Nicholls/Pool/AFP

A baixa confiança em Boris Johnson, apontada em pesquisas como seu principal ponto fraco, também tem sido explorada em outros momentos.

O líder conservador foi desafiado na noite desta quinta (5) pelo jornalista da BBC Andrew Neil a cumprir a promessa de dar uma entrevista ao vivo. "É uma questão de confiança", afirmou o apresentador em mensagem na TV dirigida diretamente a Boris.

Neil, conhecido por ser duro nos questionamentos, já entrevistou os líderes dos outros partidos e foi criticado pelo trabalhista Jeremy Corbyn por não cumprir o acordo de levar todos os concorrentes à TV.

"Você acredita em Johnson?" tem sido um dos motes dos opositores do primeiro-ministro, que em outubro voltou atrás da promessa de fazer o brexit "a qualquer custo" e negociou um adiamento para janeiro do próximo ano.

Na manhã desta sexta (6), Boris recebeu nova acusação de estar mentindo, desta vez sobre seu acordo para o brexit. Corbyn apresentou em uma entrevista coletiva o que disse ser um documento secreto do Tesouro britânico que afirma que haverá barreiras de alfândega entre a Irlanda do Norte e a Grã-Bretanha. Boris negou essa possibilidade. Segundo o Partido Conservador, a acusação de Corbyn é "teoria da conspiração".

Mas as más noticias desta manhã vieram também de seus próprios correligionários.

O ex-primeiro-ministro John Major, um dos políticos conservadores de mais prestígio no país, anunciou apoio a três ex-ministros —David Gauke, Dominic Grieve e Anne Milton— que concorrem contra candidatos de Boris Johnson nas eleições.

Em vídeo, ele chamou o brexit de "a pior decisão de política externa que já vi na vida" e afirmou que a saída da União Europeia deixará o Reino Unido mais pobre e mais fraco, além de prejudicar principalmente os mais pobres.

Com o nome de "Avalanche para parar o brexit", um protesto nesta tarde em Londres tenta aumentar a mobilização dos que querem que o Reino Unido permaneça na Europa.

"Temos poucos dias para parar Boris Johnson e nos recusamos a ficar sentados esperando", diz a convocatória do evento, que terá discurso, entre outros, do ex-primeiro-ministro trabalhista Tony Blair.

Tradicionalmente simpáticos aos conservadores, mas contrários ao brexit, veículos importantes como a revista The Economist e o jornal Financial Times (FT) divulgaram na noite de quinta editoriais em que se recusam a apoiar tanto Boris quanto Corbyn. A Economist declarou apoio ao partido Liberal Democrata, enquanto o FT afirmou que não há uma opção aceitável nesta eleição.

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