Redução da pobreza e economia serão bandeiras de candidato de Evo na Bolívia

Investigado por suspeita de fraude, ex-ministro Luis Arce acusa atual governo de perseguição

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Buenos Aires

O candidato escolhido pelo MAS (Movimento ao Socialismo) para disputar a eleição que acontece após a crise que levou à renúncia de Evo surpreendeu muitos apoiadores do ex-presidente boliviano.

Afinal, havia um setor importante da legenda, a mais ligada às organizações sociais indígenas, que preferia a escolha do nome do ex-chanceler David Choquehuanca, de origem aimara, para o posto.

Evo, por sua vez, já vinha defendendo que o presidenciável fosse Luis Arce, 56, como acabou acontecendo.

Luis Arce, ex-ministro da Economia da Bolívia e candidato do MAS à Presidência, em evento em Buenos Aires
Luis Arce, ex-ministro da Economia da Bolívia e candidato do MAS à Presidência, em evento em Buenos Aires - Ronaldo Schemidt - 20.jan.20/AFP

Na apresentação de sua candidatura, num hotel em Buenos Aires, Arce negou que houvesse uma disputa dentro do MAS.

“Minha candidatura reflete o fato de que hoje há mais de 2 milhões de bolivianos que tiramos da pobreza e que agora são parte da classe média. Essa gente não está desencantada conosco”, afirmou.

“Ao contrário. Essas são as pessoas que hoje vivem melhor e são resultado do processo de mudança que realizamos.”

 

Ministro da Economia de Evo de 2006 a 2017, ele destacou o fato de a Bolívia ter crescido, em média, 4% ao ano durante sua gestão.

A dificuldade que terá nesse período eleitoral, porém, é a mesma de Evo, que atua como chefe de sua campanha: Arce evita voltar para a Bolívia.

Na segunda (20), a Procuradoria local anunciou que Arce é investigado por supostamente ter participado de um escândalo de desvio de verbas do Fundo de Desenvolvimento Indígena, um processo que já estava em andamento antes da renúncia de Evo, mas que até então não o envolvia.

Caso retorne ao país e a procuradoria local peça sua detenção, o agora candidato do MAS pode ser detido.

Arce considera a acusação um ato de perseguição política por parte do governo de Jeanine Áñez, ex-senadora anti-Evo que assumiu a Presidência interinamente em um processo controverso, e uma “instrumentalização da Justiça”, na tentativa de inviabilizar sua candidatura.

Nascido em La Paz, Arce estudou economia na Universidad Mayor de San Andrés e fez mestrado na Universidade de Warwick, na Inglaterra.

Sua carreira começou em 1987, no Banco Central da Bolívia, onde trabalhou até Evo o chamar para fazer parte do governo, após ajudá-lo a montar o programa econômico do então candidato, em 2005.

À frente da Economia, conseguiu fazer com que o país atingisse estabilidade macroeconômica, corrigiu o déficit fiscal, ampliou as reservas e estabilizou a moeda boliviana. 

Arce comandou, com Evo, o processo de nacionalização dos hidrocarbonetos e a redefinição das prioridades econômicas do governo.

Junto ao crescimento do PIB, o país reduziu a pobreza, de 38,2%, em 2005, a 17%, em 2018 —ambas serão suas principais bandeiras.

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