O líder da oposição venezuelana Juan Guaidó afirmou nesta quarta-feira (12) que o regime do ditador Nicolás Maduro deteve seu tio depois de os dois desembarcarem no aeroporto principal de Caracas na terça-feira (11).
Juan José Márquez estava com Guaidó quando ele retornou à Venezuela após uma turnê internacional de três semanas.
"Ele passou pela migração normalmente. Quando estava prestes a sair... Foi detido para uma suposta revisão do Seniat", escreveu a equipe de imprensa de Guaidó numa rede social, mencionando a agência tributária nacional da Venezuela, similar à Receita Federal brasileira.
Ao desembarcar, o presidente da Assembleia Nacional se deparou com simpatizantes de Maduro, que gritaram insultos e atingiram seu carro com cones de trânsito e bastões —eles também atacaram jornalistas, fotógrafos e parlamentares da oposição.
"Maduro é um covarde [...] que não mostra seu rosto, que não se atreve a entrar em uma praça pública sem segurança. [...] Ele monta um ataque contra minha família", disse Guaidó antes de uma sessão da oposição na Assembleia Nacional.
A esposa de Márquez, Romina Botaro, disse que seu marido é um piloto de avião que não tem nenhum envolvimento político.
"Como qualquer tio protetor, ele queria acompanhar o retorno de seu sobrinho ao país", disse Botaro.
O paradeiro de Márquez permanece desconhecido, mas a parlamentar da oposição Delsa Solorzano escreveu numa rede social que ele estava sendo "transferido para o tribunal".
A assessoria de Guaidó afirma que Márquez está sendo representado por um advogado particular, mas que o regime tenta designar defensores públicos para sua defesa.
Familiares relataram que Márquez, quando os contatou, disse que o regime exigia apenas que ele assinasse alguns papéis para ser liberado. A partir desse momento, no entanto, não tiveram mais notícias do tio de Guaidó.
O Ministério da Comunicação de Maduro não respondeu a um pedido de comentário.
Guaidó, reconhecido por mais de 50 países, incluindo Brasil e Estados Unidos, como legítimo presidente da Venezuela, espera reanimar a oposição, como em 2019, quando liderou uma onda de protestos contra Maduro.
O colapso econômico da Venezuela sob o regime ditatorial levou quase 5 milhões de pessoas a emigrar, criando uma crise humanitária nas nações latino-americanas vizinhas.
Maduro chama Guaidó de fantoche apoiado pelos EUA que tenta derrubá-lo por meio de um golpe.
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