Sobrevivente de tiroteio na Tailândia relata momentos de terror

Professor se trancou com família em banheiro e viu por câmeras ataque que resultou em ao menos 26 mortes

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Bangkok | AFP

Escondidos nos banheiros de um shopping center, palco de um massacre sem precedentes na Tailândia, clientes aterrorizados acompanharam a ação macabra do atirador, um jovem militar, graças às imagens das câmeras de segurança transmitidas por parentes do lado de fora.

Depois de se trancar em um banheiro no quarto andar com sua esposa e filha de três anos, Chanathip Somsakul, um professor de música de 33 anos, correu para o celular.

"Um amigo funcionário do shopping estava em contato com alguém na sala de vigilância e tinha acesso às imagens das câmeras de segurança. Ele nos deu informações sobre a localização do atirador", afirmou.

Essas informações, compartilhadas nos aplicativos de mensagens instantâneas Line e WhatsApp, podem ter salvado sua vida e a de 30 outras pessoas também escondidas nos banheiros. 

"Todo mundo estava aterrorizado e perturbado. Havia tanta informação circulando que as pessoas não sabiam mais no que acreditar", disse Chanathip.

Para eles, este sábado (8) de compras em Nakhon Ratchasima, uma cidade no nordeste da Tailândia, transformou-se em horror.

O atirador, um suboficial do Exército identificado como Jakrapanth Thomma, começou sua carnificina no final da tarde em uma base militar na cidade. 

Depois de roubar um veículo militar, ele foi ao movimentado shopping center de Nakhon Ratchasima.

O atirador abriu fogo com metralhadora em diferentes locais da cidade, que está a 250 km da capital, Bancoc. O governo informou no fim do dia que um integrante das forças de segurança da Tailândia foi morto durante a tentativa de prender o atirador no shopping.

Outras 57 pessoas ficaram feridas, segundo os serviços médicos de emergência.

Chanathip, que acabara de dar uma aula de música, estava sentado com sua família em um restaurante no shopping quando ouviu tiros. Como outras pessoas em pânico, a família correu para o banheiro e se trancou em uma espera que durou várias horas.

O agressor, armado com uma metralhadora M60, um fuzil de assalto e munição roubada na base militar, atirou aleatoriamente.

A tensão aumentou quando alguém bateu na porta do banheiro. "Eu pensei que poderia ser o atirador. Uma senhora perguntou 'quem é?', mas não houve resposta. Ela queria abrir a porta, mas todos nós a convencemos a não fazê-lo", lembrou Chanathip.

Às 21h, a polícia finalmente permitiu que eles deixassem o local. Novos tiros foram disparados quando chegaram ao estacionamento, causando uma corrida frenética. 

Diversas pessoas no shopping, escondidas sob as mesas de restaurantes ou em lojas, também compartilharam informações sobre os movimentos do atirador nas redes sociais.

"Eu estava com muito medo, porque o lugar onde estávamos era logo acima do local onde o atirador mantinha pessoas reféns", contou Aldrin Baliquing, um professor filipino que conseguiu meditar para se acalmar.

Um tiroteio pesado durou a noite toda, antes que as tropas de elite acertassem o atirador nas primeiras horas da manhã, encerrando a sangrenta jornada de 17 horas.

Balanço: pelo menos 26 mortos, incluindo um menino de 13 anos, e cerca de 40 feridos. O massacre foi realizado por razões "pessoais", disse o primeiro-ministro da Tailândia, Prayut Chan-O-Cha.

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