Descrição de chapéu Tóquio 2020

Trabalho em Fukushima vai continuar durante os Jogos Olímpicos de Tóquio

Usina passa por trabalho de descontaminação após desastre nuclear em 2011

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Kiyoshi Takenake
Tóquio | Reuters

O trabalho de desativação da acidentada usina nuclear de Fukushima, interrompido durante a cúpula do G7 no Japão em 2016, não será suspenso durante a Olimpíada de Tóquio, disse o operador da usina.

Atualmente há cerca de um terço menos trabalhadores que em 2016 —4.000, em comparação com 6.000—, o que facilita a decisão de continuar trabalhando, disse Akira Ono, chefe de descomissionamento [desativação] da Tokyo Electric Power Co. (Tepco).

“Quando eu era diretor da usina, suspendi as operações por ocasião da cúpula de Ise-Shima. Mas a situação hoje é totalmente diferente”, declarou Ono à Reuters.

Embora o surto de coronavírus —que afetou mais de 1.000 japoneses— tenha perturbado as cadeias de suprimentos, não faltaram equipamentos de proteção na usina, acrescentou. Os trabalhadores devem usar roupas especiais para proteger-se da radiação residual em algumas partes da instalação.

“Houve uma época em que a oferta de macacões ficou bem reduzida. Mas depois de conversar com várias fontes agora temos certeza de que vamos conseguir o que precisamos”, afirmou.

Yuji Onuma teve de deixar a cidade de Futaba, abandonada após o desastre nuclear em Fukushima
Yuji Onuma teve de deixar a cidade de Futaba, abandonada após o desastre nuclear em Fukushima - Issei Kato/Reuters

Um potente terremoto com tsunami atingiu o leste do Japão em março de 2011, desligando os sistemas de refrigeração da usina nuclear de Fukushima Daiichi, da Tepco. Foi o pior acidente nuclear desde Chernobyl (Ucrânia, na época parte da URSS), em 1986.

Desde então, o operador trabalha para remover os destroços e impedir a propagação de radiação. Nos últimos nove anos, a Tepco derramou água sobre os núcleos do reator fundido para mantê-los frios. Aproximadamente 1,2 milhão de toneladas de água contaminada, suficientes para encher 480 piscinas olímpicas, estão armazenadas na usina. A empresa trata a água para remover a maior parte do material radioativo.

Uma comissão do governo que analisa os possíveis métodos de descarte recomendou a liberação da água no mar após sua diluição. Os moradores locais, em particular os pescadores, se opõem fortemente à descarga no oceano.

Ono disse que a usina provavelmente ficará sem espaço nos tanques no verão de 2022. “Está chegando a hora”, disse, referindo-se ao descarte.

O ministro do Comércio e Indústria do Japão, Hiroshi Kajiyama, disse no mês passado que o governo decidirá depois de ouvir opiniões de moradores das comunidades locais e outras pessoas, sem se comprometer com um prazo.
 

Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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