O presidente Donald Trump anunciou na noite desta segunda-feira (20) que assinará uma ordem executiva para suspender temporariamente a imigração para os Estados Unidos.
"À luz do ataque do Inimigo Invisível [o coronavírus], bem como da necessidade de proteger os empregos de nossos GRANDES Cidadãos Americanos, assinarei uma Ordem Executiva para suspender temporariamente a imigração para os Estados Unidos", postou o republicano em uma rede social.
Ele não informou mais detalhes.
Funcionários da Casa Branca ouvidos pelo jornal Washington Post e pela emissora CNN disseram que o texto da ordem executiva ainda está sendo redigido, mas que pode ser assinado pelo presidente Trump ainda nesta terça-feira (21).
Eles também informaram que a medida deve ter validade de 120 dias. Possíveis exceções à nova regra também estão sendo discutidas.
O esperado é que profissionais da saúde, trabalhadores rurais e de outros setores considerados essenciais não sejam afetados pelo decreto.
Nas últimas semanas, a Casa Branca tem agido para impedir que requerentes de asilo e imigrantes sem documentos entrem no país, alarmando advogados de imigração. Para eles, Trump está se valendo de uma pandemia global para promover políticas de imigração muito restritivas.
O movimento anti-imigração faz parte da política de Estado de Trump. O líder republicano chegou à Casa Branca com a promesa de conter a imigração, construindo um muro na fronteira dos EUA com o México.
Em seus três primeiros anos de mandato, Trump apertou o cerco contra entradas regulares e irregulares de estrangeiros no país. Apoiadores de Trump transformaram a frase "construa o muro!" em um bordão presente nos comícios do Partido Republicano.
Em março, o Departamento de Estado americano suspendeu todos os serviços de vistos, para imigrantes e não imigrantes, na maioria dos países do mundo.
A decisão, justificada como forma de tentar conter a propagação do coronavírus nos EUA, impactou centenas de milhares de pessoas.
"Você corta a imigração e abre uma cratera na economia já enfraquecida da nossa nação. Que movimento burro!", escreveu, no Twitter, o ex-pré-canditado à Presidência pelo Partido Democrata Julián Castro.
A também ex-pré-candidata Amy Klobuchar acusou Trump de tentar disfarçar suas falhas no governo.
"Enquanto nosso país luta contra a pandemia, enquanto os trabalhadores colocam suas vidas em risco, o presidente ataca imigrantes e culpa os outros por seus próprios fracassos."
O democrata Joe Biden, que deve enfrentar Trump nas eleições presidenciais em novembro, não fez menção direta ao anúncio de Trump, mas escreveu, no Twitter, algumas horas depois: "O presidente precisa parar de culpar os outros e fazer seu trabalho".
Os Estados Unidos têm, de longe, o maior número de casos confirmados de coronavírus do mundo, com mais de 774 mil infecções. Só nesta segunda foram 20 mil novos registros de Covid-19. A doença já matou 42 mil americanos.
A pandemia também paralisou a economia dos EUA, fazendo com que mais de 22 milhões de pessoas solicitassem auxílio-desemprego desde que o estado de emergência nacional foi decretado, em 13 de março.
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