Descrição de chapéu Diplomacia Brasileira

Ernesto suspende envio de jornais brasileiros para diplomatas no exterior

Boletim de notícias servia para auxiliar trabalho do corpo diplomático fora do país

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Brasília e São Paulo | Reuters

O Itamaraty suspendeu, por determinação do ministro Ernesto Araújo, o envio de notícias veiculadas na imprensa nacional aos postos diplomáticos no exterior, disseram à agência Reuters duas fontes com conhecimento do assunto.

O trabalho, feito diariamente pela assessoria de imprensa do ministério, servia para auxiliar os diplomatas no exterior com as informações sobre o que ocorre no Brasil.

Com a decisão, o chamado clipping só é feito com notícias de veículos internacionais que trabalham no país.

De acordo com uma das fontes, não foi dada nenhuma explicação sobre a mudança.

Os postos diplomáticos têm verba específica para assinatura de jornais do local onde estão sediados, mas não de jornais brasileiros.

A razão por trás da decisão, segundo uma das fontes, seria a insatisfação do chanceler com a cobertura dos veículos brasileiros sobre a política externa encabeçada por ele.

Ernesto utilizou as redes sociais no fim de semana para rebater artigo publicado pela Folha e por outros jornais brasileiros de autoria do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, dos ex-chanceleres Aloysio Nunes Ferreira, Celso Amorim, Celso Lafer, Francisco Rezek e José Serra, do ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero e do ex-secretário especial de Assuntos Estratégicos da Presidência Hussein Kalou.

No texto, os autores dizem estar preocupados com "a sistemática violação pela atual política externa dos princípios orientadores das relações internacionais do Brasil" definidos na Constituição, a subserviência aos Estados Unidos e o que chamam de custos de difícil reparação à imagem brasileira, com "desmoronamento da credibilidade externa, perdas de mercados e fuga de investimentos".

Em duas séries de mais de uma dezena de publicações numa rede social, o chanceler chamou o ex-presidente e os ex-ministros de "paladinos da hipocrisia" e "figuras menores" que deveriam aprender com o atual governo como se defende a Constituição.

"Se querem implementar de novo seus falidos projetos de política exterior para servir a um sistema de corrupção e atraso, muito bem. Apresentem esse projeto ao povo e disputem uma eleição. Não fiquem usando a Constituição como guardanapo para enxugar da boca da sua sede de poder", escreveu.

De acordo com uma segunda fonte, o clipping interno do Itamaraty já havia sido modificado desde outubro do ano passado, quando o presidente Jair Bolsonaro determinou a suspensão da assinatura da Folha —o jornal foi retirado da seleção de notícias.

Em seguida, o gabinete do ministro ordenou a assinatura de sites de apoio a Bolsonaro, que passaram a ser incluídos no clipping do ministério.

Após críticas de entidades que defendem a liberdade de expressão e de diversos juristas, além de ações na Justiça, a Presidência recuou da decisão e revogou o edital da licitação que excluía a Folha no início de dezembro.

Procurado, o Itamaraty informou em nota que a seleção nacional de notícias está suspensa desde o dia 4 de março para reavaliação de sua elaboração.​

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