Descrição de chapéu Governo Trump

Casa Branca manda suspender monitoramento de jornalistas em Portland

Departamento de Segurança Nacional coletou informações e produziu relatórios de inteligência sobre profissionais

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Brasília

O secretário interino do Departamento de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Chad Wolf, ordenou nesta sexta (31) a suspensão do monitoramento de jornalistas realizado pelo órgão —prática revelada pelo jornal The Washington Post.

Segundo a reportagem, o departamento coletou informações e produziu relatórios de inteligência sobre profissionais que cobriam os protestos em Portland, onde forças federais foram enviadas pelo governo Trump para conter manifestações antirracistas e contra a violência policial.

Foram monitorados dois profissionais —um repórter do New York Times e o editor-chefe do blog Lawfare— que publicaram reportagens com documentos vazados sobre as operações do departamento na cidade.

Jornalista cruza com agentes federais durante protestos em Portland, na costa oeste dos Estados Unidos - Nathan Howard - 30.jul.2020/AFP

Os relatórios de inteligência obtidos pelo Washington Post incluem descrições e imagens de tuítes dos jornalistas e o número de vezes que foram curtidos ou compartilhados por outras pessoas.

Após a publicação da reportagem, Wolf, anunciou uma investigação sobre o caso.

"O secretário interino está comprometido em assegurar que os funcionários do Departamento de Segurança Nacional defendam os princípios de profissionalismo, imparcialidade e respeito aos direitos e liberadades civis, particularmente em relação ao exercício dos direitos garantidos pela Primeira Emenda [da Constituição]", afirmou um porta-voz do órgão.

Alguns dos documentos vazados e divulgados pelos jornalistas revelavam falhas no entendimento do departamento sobre a natureza dos protestos na cidade.

Um memorando revelado pelo New York Times conecta os confrontos em Portland ao histórico de anos de violência contra funcionários e instalações do governo por "anarquistas extremistas" na costa noroeste do país.

No entanto, reconhece que há "baixa confiança" de que essa informação ajude a entender os protestos na capital do Oregon.​ “Nos falta compreensão sobre os motivos para os ataques mais recentes", diz o documento.

Agentes na ativa e ex-agentes do departamento ouvidos pelo jornal afirmam que o monitoramento dos jornalistas é um uso alarmante de um sistema do governo feito para compartilhar informações sobre suspeitos de terrorismo e indivíduos violentos.

Tuítes do editor-chefe do blog Lawfare mostravam um memorando de um agente de inteligência de alto nível afirmando que se baseavam em inteligência financeira e utilizavam perfis com as imagens de manifestantes presos para tentar entender suas motivações e planos.

Historicamente esses perfis são usados em dossiês de suspeitos de terrorismo, de acordo com o Washington Post.

A ordem de suspensão do monitoramento acontece na primeira noite em que Portland não registra confrontos entre policiais e manifestantes.

A calmaria acontece após a substituição das forças federais por policiais estaduais na garantia da segurança do tribunal federal de Justiça, ponto focal dos confrontos nas últimas semanas.

As mudança ocorre após um acordo entre a governadora do Oregon, Kate Brown, e o governo americano, na quarta-feira (29), depois de um longo embate entre a Casa Branca e prefeitos e governadores do Partido Democrata que se opunham à presença das forças federais em suas cidades.

Nesta sexta (31), algumas centenas de pessoas protestaram ao redor do tribunal, mas deixaram o local às 2h espontâneamente, segundo a agência de notícias Reuters.

Os protestos contra o racismo e a violência policial em Portland, na Costa Oeste dos EUA, persistem diariamente desde o assassinato de George Floyd, em 25 de maio, em Minneapolis. Negro, ele foi sufocado pelo joelho de um policial branco por quase nove minutos.

A cena foi registrada por testemunhas, e os vídeos viralizaram na internet gerando reações em todo o país e no exterior.

Os movimentos começaram pacíficos, mas conforme se alastraram por várias cidades, houve inúmeros embates entre policiais e manifestantes, lojas foram incendiadas e saqueadas, e monumentos em homenagem a personagens históricos vinculados à escravidão e ao colonialismo foram vandalizados e derrubados.

Para tentar conter as manifestações e proteger instalações e monumentos federais, Trump enviou forças federais da ICE (Agência de Imigração e Alfândega, na sigla em inglês) e da CBP (Alfândega e Proteção de Fronteiras, em inglês) para Portland no início do mês, uma medida muito contestada por democratas e líderes de movimentos de direitos civis.

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