O presidente do Peru, Martín Vizcarra, trocou 11 de seus 18 ministros, entre os quais o titular da Saúde, na segunda mudança na pasta desde que a pandemia de coronavírus eclodiu no país, há quatro meses.
A saída de Víctor Zamora é a mais notável após as constantes críticas que recebeu devido à administração da crise sanitária no país.
O número oficial de mortos pela Covid-19 no Peru chegou a 12.417, mas os críticos do agora ex-ministro, substituído por Pilar Mazzetti, afirmam que a cifra de óbitos, mascarada pelas subnotificações, já ultrapassou 30 mil.
Mazzetti é a terceira o ocupar o Ministério da Saúde desde que a pandemia atingiu o Peru. A prestigiosa neurologista e ex-ministra lidera o grupo que assessora o governo no combate ao coronavírus.
A nova titular da Saúde já ocupou a pasta na gestão de Alejandro Toledo (2001-2006) e foi ministra do Interior durante o segundo mandato de Alan García (2006-2011).
Zamora havia assumido o cargo em 21 de março no lugar de Elizabeth Hinostroza, uma semana depois de o Peru ter decretado um confinamento obrigatório nacional que durou até 30 de junho.
Na reestruturação de seu gabinete, Vizcarra nomeou Mario López Chavarri como novo chanceler, substituindo Gustavo Meza-Cuadra, ambos diplomatas de carreira, e Jorge Montoya, ex-chefe da Força Aérea, como ministro do Interior.
"Combater a pandemia até que o vírus seja derrotado e recuperação econômica até que haja mais trabalho e renda para os peruanos" são os objetivos desse gabinete, disse Vizcarra após uma cerimônia no Palácio do Governo, na qual os novos ministros foram empossados.
O presidente também ratificou no cargo a ministra da Economia, María Antonieta Alva, arquiteta de um plano que busca resgatar a economia do colapso.
À frente do gabinete, Vizcarra designou como primeiro-ministro Pedro Cateriano, advogado liberal que já ocupou essa mesma posição durante o governo de Ollanta Humala (2011-2016). Ele sucede Vicente Zeballos, que ocupava a cadeira desde 30 de setembro de 2019.
As mudanças coincidem com a queda de cinco pontos percentuais na aprovação do presidente, que era de 65% em julho, de acordo com pesquisa da Ipsos divulgada pelo jornal El Comercio.
Dois ministros tomaram posse virtualmente, incluindo a nova ministra do Comércio, Rocío Barrios, em quarentena após ter recebido o diagnóstico de Covid-19.
A líder da oposição, Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, celebrou no Twitter: "Era urgente que houvesse mudanças. Este novo gabinete é uma oportunidade para corrigir erros".
"Não é hora de discutir diferenças políticas. Esperamos que essa nova equipe seja bem-sucedida, porque a vida e a economia de todos os peruanos dependem de sua administração."
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