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Para atrair minorias, Biden divulga propostas econômicas de combate à desigualdade racial

Candidato resistiu a pedidos de medidas mais agressivas da ala progressista do partido

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Wilmington (Delaware) | Reuters

O candidato democrata à Presidência dos EUA, Joe Biden, prometeu nesta terça-feira (28) combater o desproporcional ônus econômico que afeta famílias não brancas investindo bilhões de dólares em empresas pertencentes a minorias e em programas para facilitar o acesso à moradia própria.

Biden, que enfrenta o presidente republicano Donald Trump nas eleições presidenciais de 3 de novembro, anunciou a proposta como o quarto e último capítulo de um plano para revitalizar a economia americana após o forte impacto negativo da pandemia do novo coronavírus.

De sua cidade natal, Wilmington, no estado de Delaware, Biden, que lidera nas pesquisas nacionais, relembrou o deputado democrata John Lewis, cuja longa carreira política é símbolo da luta antirracismo nos EUA —o parlamentar morreu de câncer há dez dias.

O candidato democrata à Presidência, Joe Biden, discursa em Wilmington, no estado de Delaware
O candidato democrata à Presidência, Joe Biden, discursa em Wilmington, no estado de Delaware - Mark Makela/Getty Images/AFP

Em uma conversa recente, Lewis desconsiderou preocupações sobre sua própria saúde, disse Biden. "Ele pediu que continuássemos focados no trabalho que ainda precisa ser feito para curar esta nação."

O plano econômico do ex-vice-presidente inclui investir trilhões de dólares em manufatura e inovação, energia limpa e educação na primeira infância. Críticos republicanos disseram que as propostas levarão a aumento de impostos.

A campanha não detalhou a origem dos recursos necessários para executar os planos, embora tenha dito que aumentar os impostos sobre as empresas e os ricos cobriria grande parte do custo.

O discurso desta terça procurou destacar como Biden colocaria a justiça racial no centro de sua política econômica.

O democrata resistiu a pedidos de membros de seu próprio partido por medidas mais agressivas para eliminar a considerável diferença patrimonial entre brancos e não brancos, como programas de indenizações para descendentes de escravos negros e "títulos de bebês" —uma política que prevê fornecer a todas as crianças, no momento do nascimento, uma conta de investimentos patrocinada pelo governo.

Biden, no entanto, não descartou as iniciativas e afirmou estar aberto para estudá-las.

Os planos do candidato preveem a criação de um novo fundo de US$ 30 bilhões (R$ 154,5 bilhões) voltado a oportunidades para pequenas empresas.

No total, segundo a campanha, o plano forneceria US$ 50 bilhões (R$ 257,5 bilhões) em capital de risco público-privado e outros US$ 100 bilhões (R$ 515 bilhões) em empréstimos comerciais com juros baixos para empresas majoritariamente pertencentes a minorias historicamente de baixa renda.

A proposta inclui ainda um subsídio de até US$ 15 mil (R$ 77,3 mil) para moradias de famílias de classe baixa e média.

Biden discursou em um centro comunitário para crianças na região central de Wilmington, de maioria negra, onde a taxa de desemprego mais do que triplicou neste ano.

O ex-vice-presidente, que planeja nomear um companheiro de chapa na primeira semana de agosto, está sob crescente pressão para escolher uma mulher negra após meses de protestos causados pelo assassinato de George Floyd, homem negro asfixiado por um policial branco em Minnesota.


PRINCIPAIS PROPOSTAS DE BIDEN

Economia

  • Priorizar a indústria nacional com investimentos em infraestrutura e incentivos para compra de produtos “Made in America”​

  • Investir US$ 300 bilhões (R$ 1,56 trilhão) em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias, como 5G e carros elétricos

  • Revogar cortes de impostos de contribuintes de alta renda e companhias feitos pelo governo Trump, o que levaria a um ganho de US$ 4 trilhões (R$ 20,8 trilhões). Montante seria usado para bancar os vários programas de sua proposta que preveem aumento do gasto federal​

  • Destinar US$ 400 bilhões (R$ 2,08 trilhões) do orçamento de compras de suprimentos e outros produtos feitas pelo governo federal para itens produzidos nos EUA

Política externa

  • Retirar os EUA da guerra do Afeganistão e de outros conflitos no Oriente Médio

  • Voltar ao acordo nuclear com o Irã, desde que o país também se comprometa a cumprir os termos

  • Revogar a política de separação de famílias nas fronteiras

  • Revogar o decreto que veta a entrada de pessoas vindas de países majoritariamente muçulmanos

Reforma do sistema criminal

  • Aumentar foco em políticas de prevenção ao crime e assistência social.

  • É contra o corte de financiamento das polícias.

  • Ampliar o papel do Departamento de Justiça no combate a abusos policiais

  • Descriminalizar o uso da maconha e automaticamente revogar todas as condenações relacionadas à prática

  • Criar um programa federal de US$ 20 bilhões (R$ 104 bilhões) para oferecer recursos aos estados que queiram mudar o foco de suas políticas criminais de encarceramento para prevenção​

  • Aumentar investimentos em defensorias públicas

  • Eliminar a pena de morte

Saúde

  • Criar um seguro de saúde público acessível a todos os americanos nos moldes do Medicare, que atualmente só atende idosos e pessoas com deficiência

  • Aumentar isenções de impostos para famílias que pagam por seguro saúde

Mudança climática

  • Investir US$ 2 trilhões (R$ 10,4 trilhões) em infraestrutura de energia limpa nos setores de transporte, energia e construção civil nos próximos quatro anos

  • Produzir de energia livre de emissões até 2035

  • Construir 1,5 milhão de casas e unidades habitacionais públicas com projetos de eficiência energética

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