Descrição de chapéu Eleições EUA 2020

Trump reconhece vitória de Biden pela primeira vez e volta atrás minutos depois

Republicano segue reiterando falsas alegações de que houve fraude no pleito de 3 de novembro

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Washington | Reuters

O presidente dos EUA, Donald Trump, pareceu reconhecer neste domingo (15), pela primeira vez, que seu rival democrata, Joe Biden, venceu as eleições presidenciais de 3 de novembro. Na mesma publicação em uma rede social, contudo, o republicano reiterou falsas alegações de que houve fraude no pleito.

"Ele ganhou porque a eleição foi fraudada", postou Trump no Twitter, sem se referir a Biden pelo nome. A rede social adicionou um aviso na postagem de que as alegações do atual presidente são duvidosas.

Cerca de uma hora depois, em um novo post, Trump voltou atrás, dizendo que "não reconhece nada" e que Biden só foi o vencedor para a "imprensa de fake news".

À rede NBC o escolhido do democrata para chefiar o gabinete da Casa Branca, Ron Klain, afirmou que as publicações de Trump no Twitter não tornam Biden presidente, e que quem o fez foi "o povo americano".

O agora presidente eleito ganhou a eleição ao vencer estados que o republicano havia levado em 2016. Biden também ganhou o voto popular por mais de 5,5 milhões de votos, ou 3,6 pontos percentuais.

A campanha de Trump entrou com ações judiciais buscando anular os resultados em vários estados, embora sem sucesso, e especialistas dizem que o litígio tem poucas chances de alterar a eleição.

Autoridades eleitorais de ambos os partidos disseram que não há evidências de irregularidades.

Democratas e outros críticos acusaram Trump de tentar deslegitimar a vitória de Biden e minar a confiança do público no processo eleitoral americano. Antes da eleição, o republicano já havia se recusado a se comprometer com uma transferência pacífica de poder.

A recusa em ceder não muda o fato de Biden ser o presidente eleito, mas paralisou o processo normal do governo de transição para uma nova administração, impedindo que o democrata e sua equipe obtenham acesso a escritórios do governo e ao financiamento normalmente concedido a um novo governo.

Donald Trump na Casa Branca - Carlos Barria -14.nov.2020/Reuters

Biden tem passado dias em reuniões enquanto avalia as nomeações para seu gabinete, recebe parabéns de líderes mundiais e mapeia as políticas que seguirá depois de ser empossado, em 20 de janeiro.

O democrata ganhou 306 votos no sistema de Colégio Eleitoral, que determina o vencedor presidencial, de acordo com a Edison Research, muito mais do que os 270 necessários para garantir a maioria.

Em 2016, Trump obteve o mesmo número sobre a candidata democrata Hillary Clinton, uma vitória que ele chamou de "avassaladora", apesar de ela ter vencido no voto popular com 3 milhões de votos a mais.

No sábado (14), milhares de apoiadores de Trump marcharam em Washington para ecoar as alegações de fraude eleitoral. A Million MAGA March, referência ao slogan da campanha de Trump, "Make America Great Again", atraiu uma multidão de apoiadores com bandeiras nos arredores da Casa Branca.

A comitiva de Trump, a caminho de um campo de golfe na Virgínia, passou pela multidão, recebendo aplausos dos manifestantes enquanto o presidente acenava do banco de trás de um carro.

Os protestos foram em geral pacíficos, embora brigas tenham ocorrido com contra-manifestantes. Uma pessoa foi esfaqueada e levada a um hospital, disse o departamento de emergência da cidade.

Dezenas de integrantes do grupo de extrema direita Proud Boys marcharam pelas ruas, alguns usando capacetes e coletes à prova de balas, enquanto membros do movimento de esquerda conhecido como Antifa organizaram suas próprias contramanifestações.

A força policial da cidade prendeu pelo menos dez pessoas, incluindo várias acusadas de agressão.

Com suas chances de reverter o resultado virtualmente extintas, Trump discutiu com consultores possíveis iniciativas que o manteriam no centro das atenções antes de uma possível nova candidatura para a Casa Branca em 2024. Os estados estão em processo de certificação dos resultados eleitorais. O Colégio Eleitoral se reúne para confirmar os votos em 14 de dezembro.

Klain afirmou nesta semana que uma rápida transição é necessária para garantir que o governo esteja preparado para lançar uma potencial vacina contra o coronavírus no início do próximo ano.

Segundo ele, consultores científicos de Biden se reunirão com farmacêuticas em breve para se preparar para o "projeto logístico gigante" de vacinação generalizada contra um vírus que já matou mais de 245 mil americanos e deixou milhões de desempregados.​

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