Chanceler iraniano pede à Europa mediação com EUA para salvar acordo nuclear

Governo Biden, porém, reage friamente à demanda iraniana; democrata já assinalou que país pode voltar ao pacto

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Washington | AFP e Reuters

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, pediu na segunda-feira (1º) à União Europeia que administre o retorno de Teerã e Washington ao acordo nuclear, após um contraponto sobre quem deve agir primeiro.

O representante da UE para as relações exteriores, Josep Borrell, pode se tornar "o coordenador de uma comissão conjunta" para acompanhar o acordo de 2015 e delinear "as ações que os Estados Unidos e o Irã precisam tomar", disse o Zarif à CNN.

Iranianos carregam foto do aiatolá Khomeini, líder que assumiu o Irã após a Revolução Islâmica de 1979, durante funeral do general Qassim Suleimani em Teerã - Atta Kenare -06.jan.20/AFP

“É claro que pode haver um mecanismo para sincronizar“ o retorno dos dois países ao acordo ”ou para coordenar o que pode ser feito”, acrescentou.

Os EUA reagiram friamente à sugestão iraniana. “Não tivemos [...] nenhum debate com os iranianos e não esperaria que o façamos até que esses passos iniciais avancem”, afirmou o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price, em referência às consultas da administração de Joe Biden a aliados, parceiros e Congresso.

“Há [muitos] passos no processo [...] antes que chegamos ao ponto em que vamos nos envolver diretamente com os iranianos e estarmos dispostos a aceitar qualquer tipo de proposta.”

Uma autoridade americana que preferiu não se identificar, porém, afirmou que a resposta não deve ser vista como uma rejeição. Segundo essa autoridade, as negociações ainda não começaram com o Irã ou qualquer outro país porque a prioridade é consultar parceiros no acordo nuclear e na região.

O acordo, assinado em 2015, entre Teerã e aos outros membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU —Reino Unido, França, China e Rússia—, além da Alemanha , impôs limites ao programa nuclear o país, restringindo-o ao uso civil, para evitar que o país desenvolva a bomba atômica, em troca da suspensão das sanções.

Em 2018, depois de repetidas ameaças, o presidente Donald Trump retirou os EUA do acordo —que ele considerou insuficiente, lamentando não ter atacado o programa de mísseis balísticos iraniano ou outras atividades "desestabilizadoras" no Oriente Médio— e endureceu as sanções americanas e adotou uma política de pressão máxima contra Terã.

Biden, prometeu devolver o país ao acordo, mas com a condição de que Teerã volte a cumprir as cláusulas que passou a ignorar em resposta às sanções dos Estados Unidos.

De sua parte, o Irã exigiu até agora que o governo Biden desse o primeiro passo e suspendesse as sanções antes de qualquer coisa.

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