Rebeliões em três presídios no Equador deixam pelo menos 75 mortos

Governo acusa ação orquestrada por organizações criminosas e decreta estado de emergência nas prisões

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Quito | Reuters e AFP

Pelo menos 75 pessoas morreram em rebeliões de três presídios no Equador, que o governo acusou nesta terça-feira (23) terem sido orquestradas por organizações criminosas.

O ministro de Governo, Patricio Pazmino, atribuiu os ocorridos a uma “ação combinada entre organizações criminosas para gerar violência nas prisões do país”. Ele afirmou ainda que o governo e a polícia estão agindo para reconquistar controle.

Familiares aguardam notícias de prisioneiros detidos em Guayaquil, onde houve rebelião
Familiares aguardam notícias de prisioneiros em Guayaquil, onde houve rebelião - Marcos Pin Mendez/AFP

Para tentar manejar a violência, o presidente Lenín Moreno decretou estado de emergência nas prisões devido a confrontos frequentes entre facções. “No momento, a perícia reporta mais de 50 [prisioneiros] mortos”, escreveu em sua conta no Twitter a polícia equatoriana, sem dar mais detalhes.

Ações violentas entre detidos foram vistas em prisões nas províncias de Azuay, Cotopaxi e Guayas —onde o governo afirmou que um motim foi controlado.

A violência nos presídios acrescenta mais um ponto na lista de problemas que o Equador enfrenta, como dívidas e recessão, além da pandemia de Covid-19.

O país se encontra em meio a uma disputa eleitoral, que irá escolher seu próximo presidente.

A apuração do primeiro turno foi marcada por controvérsias e demorou duas semanas para que o segundo colocado fosse definido. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciou no domingo (21) que o banqueiro Guillermo Lasso será o adversário do esquerdista Andrés Arauz —que ficou na liderança.

Após a conclusão da apuração de 100% das urnas, os números apontaram que Arauz, candidato apoiado pelo ex-presidente Rafael Correa, teve 32,7% dos votos. Já Lasso, de centro-direita, garantiu o segundo lugar ao receber 19,74%.

Em terceiro, e portanto fora da disputa, ficou o líder indígena de esquerda Yaku Pérez, com 19,38%.

No dia da eleição, o CNE decidiu interromper a contagem rápida com quase 90% das atas contabilizadas porque verificou um empate técnico entre Lasso e Pérez. Na ocasião, o líder indígena aparecia com uma ligeira vantagem sobre o banqueiro.

Como consequência, os equatorianos tiveram que esperar a contagem voto a voto. Além disso, os dois rivais pediram mais de uma recontagem das atas em várias províncias do país.

Lasso reclamou do CNE, por ter este divulgado uma projeção ainda com 20% da contagem rápida realizada, afirmando que Pérez estava mais próximo de ir ao segundo turno.

Pérez, por sua vez, desde o primeiro dia convocou vigílias, em que apoiadores se manifestavam diante das sedes dos órgãos eleitorais. Segundo ele, seu adversário poderia recorrer a métodos fraudulentos para garantir sua continuidade na disputa e, por ser um candidato milionário, teria recursos para subornar juízes eleitorais e fiscais.

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