Uma proposta para proibir mulheres de usarem véus faciais em espaços públicos foi aprovada por referendo neste domingo (7) na Suíça —o país segue os passos de França, Bélgica e Áustria, que já aprovaram leis semelhantes.
A medida, com a qual concordaram 51% das pessoas, segundo resultados oficiais provisórios, proíbe a cobertura do rosto na rua, em lojas e restaurantes —o uso ainda é permitido em locais de oração e para “costumes nativos”, como o carnaval.
Embora o texto não mencione diretamente a burca (espécie de túnica longa que cobre as mulheres da cabeça aos pés e tem uma rede na altura dos olhos) ou o niqab (que cobre completamente o corpo e o rosto, exceto os olhos), a medida está sendo tratada como a "proibição da burca” no país.
Duas das 26 regiões do país já tinham proibições locais contra coberturas faciais.
"Na Suíça, nossa tradição é mostrar a cara. Isso é um sinal de nossas liberdades básicas", disse Walter Wobmann, presidente do comitê do referendo e membro do Parlamento pelo partido de direita Povo Suíço.
Ele chamou a cobertura facial de "um símbolo desse Islã político extremo que se tornou cada vez mais proeminente na Europa e que não tem lugar na Suíça".
Os anúncios da campanha mostravam uma mulher usando um niqab com o slogan: “Pare o extremismo! Sim para a proibição do véu”.
O Conselho Central de Muçulmanos na Suíça classificou a votação como um dia sombrio para a comunidade. "A decisão de hoje abre velhas feridas, expande ainda mais o princípio da desigualdade legal e envia um sinal claro de exclusão para a minoria muçulmana", disse o documento.
O conselho prometeu desafios legais às leis que implementam a proibição e disse que fará uma campanha de arrecadação de fundos para ajudar as mulheres que são multadas.
A proposta é anterior à pandemia, mas coberturas faciais usadas por razões de saúde e segurança estão isentas da proibição, o que significa que as máscaras usadas por causa da pandemia Covid-19 não serão afetadas pela nova lei.
A iniciativa por trás do referendo foi lançada em 2016 pelo Comitê Egerkingen, uma associação que também pressionou com sucesso por uma votação para proibir a construção de novos minaretes (torres de mesquitas) em 2009, e que tem ligações com o Povo Suíço.
Poucas mulheres usam burca na Suíça e apenas cerca de 30 usam o niqab, estima a Universidade de Lucerna. Os muçulmanos representam 5% da população do país, de 8,6 milhões de pessoas, a maioria com raízes na Turquia, Bósnia e Kosovo.
A França proibiu o uso de véu integral em público em 2011 e a Dinamarca, Áustria, Holanda e Bulgária proibiram total ou parcialmente o uso de coberturas faciais em público.
“A proibição do uso do véu não é uma medida de libertação das mulheres, mas uma perigosa política simbólica que viola a liberdade de expressão e religião”, disse a Anistia Internacional, que condenou a decisão.
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